ARTICULISTAS

25 de dezembro de 2012

Escrever para esse dia é destino

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 25/12/2012 às 11:35Atualizado em 19/12/2022 às 15:37
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Escrever para esse dia é destino. Coube ao meu, empurrar-me para ele. Discorrer sobre o óbvio desse dia nos reportaria a temas singulares, então, falar ou escrever – como preferirem – sobre o quê? Não tinha a menor ideia, até nos encontrarmos e falarmos sobre amenidades de vida, exceto a possibilidade do fim do mundo. Os interessados faturaram uma boa grana e os inocentes úteis deram a intensidade necessária ao fato. Conquanto, o mundo não acabou – talvez porque o Brasil não estivesse preparado para um evento dessa magnitude – adiaram, assim, o seu término, para um momento mais oportuno. Um amigo meu morreu. Uma amiga pariu uma menininha sardenta de cabelos vermelhos, a noite era de chuva.  É um ciclo onde uns sobem e outros descem. É o mundo. Visível e Invisível. A namorada dele compartilhava os dois mundos.  Eu creio que ambos nunca acabarão. Recomeçam sempre onde terminaram. Ele queria ter beijado aquela boca que um dia o inundou de prazeres não esquecidos; acordou à noite com a suave lembrança nele. Despejou seus fluidos em lençol limpo não percebido em fronha. Há uma distância cruel entre o corpo e a cabeça. Nesses dias, ele tem saudades dela. Ela ficou com outro, deixando-o ir embora porque não era para ele ficar... Ele não vai morrer de saudades.  Não sei o que acontece em meu coração por querer um amor não encontrado ou que não foi assumido. Num dia como esse de hoje, que o mundo não acabou e a fraternidade se expõe sem ridículo, talvez seja momento ideal para um amor assim, bom pra quem tem até o fim. Ontem ou hoje, agora pouco, não sei como foi essa noite. Não sei como será o agora desse dia, ou como foram os dias desse ano de 2012. É nessa mistura do todo que eu me apaixono por parte dos meses vividos. Meu amigo escritor – o melhor de todos – que sempre me diz que quando o autor entra na história e dá os seus palpites, o romance ou a crônica perde valor e não há sentido continuar a leitura.  A crônica, assim, como o romance existem em si, não sendo preciso que o autor meta a colher no meio. Eu fico doido pra dar palpite, mas deixo o personagem falar de sua paixão perdida em noite anterior ao Natal. O desabafo é dele, não meu. O meu, são agradecimentos a quem andou comigo nas terças-feiras de JM. Quando não era a Marilu a me corrigir era a Eloá a me aconselhar quanto aos verbos e ou adjetivos utilizados em crônicas que não combinavam. Essas duas meninas estiveram ao meu lado, me lendo, me corrigindo, desaprovando, aprovando... Elas foram o meu lado sereno corrigido na linguagem. Quem dera se as minhas correções cotidianas fossem tão suaves e na aprendizagem como no fazer. Isso não impedia nada em mim. Os dois mundos estão em mim.  Às vezes o invisível é mais inconformado que o visível. Hoje começamos a nossa retrospectiva de 2012 que o Natal nos prepara para não sermos tão cruéis assim conosco mesmo. Aquele beijo estalado o deixou assim...  Ao longe ele olhava o nascer de 2013. Ele vem colorido e impaciente com a espera.

(*) Professor

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