Quanto mais me passam os anos, mais eu vejo
Quanto mais me passam os anos, mais eu vejo que meus conceitos precisam ser renovados para, se eu merecer, quando chegar aos meus 99 anos possa estar com a lucidez, visão e poder de análise de Dª Virgília de Oliveira Moreira. Neste 06 de agosto de 2013 festejamos as suas 99 primaveras.
Aos dezoito anos ela esposou em segundas núpcias o saudoso Otaviano Rodrigues Moreira, com quem teve nove filhos, além de abraçar com ele a missão de criar os seis, vindos do primeiro casamento. “Sou mãe de 15 filhos e amo a todos igualmente. Tenho 27 netos, 22 bisnetos e 1 tataraneto”, diz Dª Virgília tendo o coração cheio de pureza. Com memória cristalina se recorda a vida na Fazenda Lajeado dos Teles, o tempo de Colégio N. S das Dores, os namoricos, os bailes na roça, os doces de leite, marmelada e goiabada. Na idade em que está, a nossa aniversariante não dispensa uma costelinha de porco com mandioca ou frango assado, ou ainda uma pururuca. É extensa a lista de coisas coloquiais na vida da aniversariante, tanto que lhe peço leitor(a): estenda essa relação de coisas boas por sua própria conta. Você não vai errar.
Sentado bem próximo de Dª Virgília lhe pedi que me contasse um pouco de sua vida abordando a família, passando pelo lazer, convívio social e outras amenidades. Aí vi sua eloquência quando me declinou: “No civil me casei na casa de Heitor Meireles; dei à luz aos filhos no Hospital São José; minha tia Luisinha foi quem praticamente construiu o Asilo Santo Antônio; com meu marido dancei muito no Jockey Club e ali estivemos com Juscelino Kubitscheck; só tenho amigos e não sei o que é inimizade; eu queria ser freira, mas minha avó Joaquina Teles não deixou...” (risos). Confesso que foi difícil minha tarefa dupla de admirá-la e ao mesmo tempo anotar.
Diante da lucidez de Virgília de Oliveira Moreira eu lhe derramei uma série de perguntas que tiveram respostas no ato. Senão vejamos: P- O que mais lhe alegra? R- O carinho dos filhos genros e noras, netos, bisnetos e agora o tataraneto. P- Dorme bem? R- Sim. E acordo todos os dias às 6 horas. P- Tem saudade? R- Sim, da convivência com meu marido Otaviano. P- Tem alguma tristeza? Sim, ao lembrar os que já se foram. P- De quem se recorda sempre? R- Dos filhos falecidos e o último, Wilson Moreira que foi prefeito de Londrina. P- Guarda preocupações? R - Sim; com mundo que mudou demais. P- O que espera da vida? R- Viver muitos anos.
Depois de ouvir várias lições, pedi à nossa homenageada que nos deixasse uma mensagem, e ela do alto dos seus 99 anos bem vividos sentenciou: “Jovens, respeitem os mais velhos agora para serem respeitados no futuro”.
(*) Presidente do fórum permanente dos articulistas de Uberaba e região, e, membro da Academia de Letras do Triângulo mineiro