ARTICULISTAS

A arte de bem viver

Tenho medo das pessoas envinagradas. Das pessoas amargas. Das pessoas que não sabem agradecer...

Padre Prata
thprata@terra.com.br
Publicado em 01/01/2017 às 18:45Atualizado em 16/12/2022 às 15:57
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Tenho medo das pessoas envinagradas. Das pessoas amargas. Das pessoas que não sabem agradecer. Das pessoas carrancudas. De gente sempre de cara amarrada. Dos azedos. Daqueles que vivem se lamentando de mil coisas e comentando a vida alheia. Fujo dos pessimistas. Daqueles que destilam azedume por todos os poros. Eles me fazem mal. Estragam o meu dia. Nem sequer sabem sorrir.

Lembro-me de Machado de Assis. Sei que é o maior ou um dos maiores escritores brasileiros. Pelo menos é o que dizem. Mas, não resta a menor dúvida, foi um homem que secretava seu mau humor em linhas e entrelinhas. Num de seus livros, chegou a dizer que não tivera filhos porque não quis transmitir a outros o legado da miséria humana.

Fernando Pessoa, não resta a menor dúvida, é um poeta insuperável. Mas, suas tristezas, seu pessimismo, me fazem mal. Quando o leio, sinto um travo no fundo de mim mesmo. Um sabor amargo. Um vazio se faz.

O bom humor, pelo contrário, é um Dom de Deus. Bom humor não significa contar piadas. Tem nada a ver com gargalhadas. Não é cinismo. Não ridiculariza. Humor é um estado de espírito. É um clima. Os ingleses falam de um “sentido”, do sense of humour. É como se fosse um sexto sentido que não é concedido a todos. É sumamente agradável conversar com gente bem humorada. Eles criam um clima de “estar à vontade”. De descontração. De leveza. De paz. Eles veem o lado divertido das coisas. Como os poetas, eles veem o que nem sempre vemos. É um carisma.

Certa vez, em companhia do Papa João XXIII, um visitante percorria as dependências do Vaticano. Ficou assustado com tanta gente circulando lá dentro. Gente carregando pastas, padres de batina preta, de batina vermelha, de batina roxa, enfeitados de frisos, de barrete com pompom, gente pra lá e pra cá, todos muito atarefados. Surpreso, o visitante perguntou ao Papa: “Quantas pessoas trabalham aqui no Vaticano?”. Aquele santo velhinho pensou um pouco e respondeu: “Só a metade...”. É isso aí, humor envolve finura de espírito. Crítica com graça e leveza. Perguntaram ao Papa Francisco como era que os argentinos se suicidavam. Resposta: “Eles sobem em seu ego e pulam lá de cima”. (Eles nos chamam de “los macaquitos”. Melhor do que os franceses, que nos chamavam de “les sauvages de là bas”).

Infelizmente, muita gente confunde humor com palhaçada. Para outros, bom humor é dizer pornografia. Adoram um palavrão e acham que é bom humor. São os “coprófilos”. Perdão, mas não posso traduzir aqui o que esta palavra significa. Por uma questão de higiene.

Os bons humoristas criam um estado de leveza interior. Libertam.

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