A chegada de Michael Robin e toda sua equipe ao Uberaba Sport Club agitou a vida de toda a cidade. Não restam dúvidas de que o USC está em evidência. Desta vez, melhor. O ano todo se fala no clube. Porém, em grande parte, as informações não são tão boas. Fala-se de dívidas, leilões de patrimônios para sanar estas mesmas dívidas, campanhas melancólicas em competições e outros assuntos que, creio, não sejam necessários recordar, pois ainda não foram esquecidos. No entanto, Michael Robin e seu parceiro Régis Gonçalves estão resgatando o USC das profundezas abissais do mundo do esquecimento futebolístico. Hoje, empresários e dirigentes de futebol que sequer lembravam da existência do USC, negociam, principalmente com Régis, possíveis vindas de atletas para defender o colorado no Campeonato Mineiro, a terceira maior competição estadual do país. Fala-se em planos de marketing, coquetéis para lançamento de uniformes, jogadores para atrair torcedor ao estádio e outras coisas. Assim como fez o esperto departamento de marketing do Corinthians, ao levar o Ronaldo Fenômeno para o Parque São Jorge, o USC, através de seus novos parceiros, tem conseguido atrair todos os holofotes para esta nova parceria e apagar, pelo menos por enquanto, o ano de 2008. No domingo, 14, por exemplo, o atual treinador da equipe, concedeu entrevista de página inteira ao Jornal da Manhã. Competente como sempre, a jornalista Faeza Rezende “arrancou” informações quentíssimas do técnico. Resultad na segunda-feira, dia 15, mesmo debaixo de chuva, pessoas ligadas à imprensa e que há muito não apareciam em BP deram as caras. O número de torcedores, além dos fiéis de sempre, aumentou em grande proporção. Ficou até difícil falar com Robin ou Régis. Entretanto, mais uma vez, o USC foi lembrado. Nos programas esportivos da TV, Rádio ou jornais impressos, a bola da vez é a parceria. E isso é bom. Em plena crise financeira mundial, empresários se perguntam por que alguém investiria em um clube do interior. Mesmo que o técnico colorado afirme não gostar das especulações em torno de seu nome e de suas ações no mundo dos negócios, ele não pode reclamar de falta de atenção. A mídia tem dado todo o espaço a ele. É papel do jornalista correr atrás. Porém, algo que vem chamando a atenção é o otimismo do treinador do USC. Ele acredita. Mesmo já tendo ouvido de torcedores que treinar e investir no USC é uma furada, ele tem fé. Quer voar mais alto. Leonardo Boff, em seu livro A Águia e a Galinha, remete-nos a pensar sobre o caso. A obra conta a história de uma águia criada em um galinheiro. Assim, passou a agir como galinha. Não sabia que podia voar, alcançar lugares considerados inalcançáveis. Enfim, a águia se enraizou naquela realidade. Mesmo grande, forte, solene e pomposa, apenas ciscava. Resta ao treinador ter paciência com os torcedores do USC. Pois, pela forma como têm sido “criados” pelo clube, não conseguem acreditar, afogando, desta forma, a águia existente dentro de cada um, inclusive dentro do Uberaba Sport Club, impedindo-os de sonhar com vôos mais altos. Robin, que não foi criado aqui. Pensa como águia. Acredita que o USC seja águia. E quer voar como tal. Não teme o passado, porque não o viveu. E esse pode ser o ponto mais positivo de toda esta história. Se conseguir fazer com que seus atletas pensem como águia. Se tiver sucesso na tentativa de mostrar aos dirigentes do USC que o clube não é galinha, como muitos acham que é, por isso apenas ciscam, ao invés de ser predadores maiorais. Se ele conseguir isso, o USC pensará como águia. E se todas as ações humanas são frutos de pensamentos, logo nosso time será a águia, poderosa, que voa o mais alto e mostra a todos o seu poder. Ou, uma simples galinha, em sua rotina, pensando pequeno, ciscando, ciscando e dormindo antes de o sol se pôr, enquanto as águias disputam o lugar mais alto do futebol estadual.