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A coisa tá feia, a coisa tá preta...

...quem não for filho de Deus tá na unha do capeta! A moda é cantada por Tião Carreiro e Pardinho, príncipes da nossa vida sertaneja

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 02/06/2010 às 19:48Atualizado em 20/12/2022 às 06:14
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...quem não for filho de Deus tá na unha do capeta!

A moda é cantada por Tião Carreiro e Pardinho, príncipes da nossa vida sertaneja. Pois é, meu amigo, assim vai o mundo atual e atrás dele o Brasil, desde Brasília até Patrimônio do Rio do Peixe, Nova Ponte e Campo Florido – ou seja, de cabo a rabo. Estamos em tempo de eleição, todos os salvadores da pátria são candidatos e distribuem suas receitas para a nossa felicidade... e deles, também, que ninguém é de ferro!

Aliás, e de passagem, este negócio de política e cargos públicos deve ser muito bom. Tenho comparações simples e de alta intelectualidade: se é ruim e penoso, porque todos que lá estão se recandidatam, enquanto quem ainda não está lá faz fila e se espreme para furar a fila? Mal comparando, como diz o Dino, política é uma porca deitada pra ser mamada: os leitões mais fortes ou espertos ocupam e não largam as tetas, e os pretendentes ficam fuçando e empurrando pra ver se pegam alguma sobra descuidada.

E vejam também que país é este, como diria o Cazuza: tem sempre lugar e oportunidade para todos. Os chamados países de Primeiro Mundo são sovinas, tem no máximo dois ou três partidos: democrata, republicano e outro. Nós, aqui, temos a generosidade latino-americana: três, seis e nove ou mais partidos. Os programas? Que nada, gente, ninguém sabe ou conhece. O que cada partido proclama e publica é igual para todos: justiça, paz, democracia, aumento dos salários, dos empregos, ensino, casa e comida boa para todos e tudo mais.

Na televisão isso fica bonito, mas em casa a ressaca permanece: o Maneco passa seis horas no CAM, esperando assistência médica; o dentista do postinho não vem; os professores estão em greve; vestibular tem cem alunos para cada vaga; um lugar tem engenheiros sem serventes, outro tem serventes sem engenheiro. Preciso mudar pra cidade grande, com oportunidades, mas inocente de violências, que não existem aqui na roça, onde o emprego desapareceu... e por aí vamos cantando “ó meu Brasil, eu te amo, me repassa a pedrinha de crack, meu chapa amigo!”

Acontece, meu companheiro, que Deus em verdade é grande e brasileiro. Não passamos frio nem sede e fome. Tsunami aqui é, como diz o Lula, uma discreta pororoca, lá longe no Amazonas. Por isso e por tudo mais a coisa não está tão feia, nem tão preta. Lá onde está, o Tião Carreiro deve estar ajudando, soprando benefícios que o anjo Gabriel vai anotand acabar com a droga, ter emprego, salário, instrução e saúde para todos, políticos de sapatos limpos e cuecas vazias, o Brasil vai ganhar a copa, todos seremos felizes. E a presidência? Caramba, Gabriel! Vamos ver se é possível casar com a Dilma, na Igreja Universal, com o bispo Sarney. Caramba, dois, Dino! Eu falei que aquela pinga do Moisés, no Patrimônio, ia me estragar a escrita da crônica! Deus nos ajude, que não merecemos...

(*) médico e pecuarista

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