...Quem não for filho de Deus, tá na unha do capeta! Já usei este verso-refrão da moda de viola do Tião Carreiro e Pardinho. Quem quiser se divertir com o momento presente da brasilidade deve escutar este disco – vão entender e me dar razão. Ainda mais agora, em período pré-eleitoral. Também da minha infância lembro a frase: em tempo de terra, mentira como terra! Vou em frente, aproveitand em tempo de eleição, a vida é promessa e confusão... Escutem os candidatos, seus programas e sua conversa. Tem candidato que já foi eleito, alguns com mandato vigente, que nunca fez o que prometeu – e está rebuscando na maleta de guerra aquelas promessas, se deram certo na outra eleição, vale repeti-las agora... Outra coisa tipicamente da nossa política e candidatos: a volubilidade, ou seja, a facilidade de mudar de partido, de ideias, de programas. Isto lhes parece bom e fácil: algum tempo antes da eleição o distinto comunica à Justiça Eleitoral sua nova intenção e sigla, novas companhias, companheiros e ideias: pronto! Vida nova ao bom político. Em saudosismo de infância, meu pai falou dos dois partidos políticos daqueles tempos: pacholas e araras. Não tinha alternativa, o candidato ou era arara ou era pachola – uma vantagem grande para o eleitor, apenas uma alternativa para decidir. Hoje a barra está pesada, parece-me que já temos mais de vinte partidos legalizados. A intenção é clara e evidente. Hoje estou com o capeta da infância e memória. Lembro-me de um brinquedo no banco do jardim: a garotada assentada gritava “vaca parir” e era aquela espremeção de uns nos outros, os mais fracos e doloridos espirravam fora do banco... ou para outro banco e amigos... não é uma boa imagem para nossos partidos? E as convicções, os programas, os ideais pregados e publicados?... ora, João, deixa de ser besta! Agora, caminhando para fim de crônica, sempre escrevo alguma coisa séria. No caso, e rimando com aquele início do Tião Carreiro... a coisa tá preta! E para mim, por esta vez tão importante, a cor preta é aplicada e distinguida na conduta do negro ministro do Supremo Tribunal, Joaquim Barbosa. Este sim é a figura da coragem, do trabalho e da distinção. Político ou empresário, não importa: acusado, é julgado e, se for o caso, condenado. Caramba, eu quero acreditar nos novos e futuros tempos. Não mais para mim, mas, se possível, para meus filhos e netos. Amém.
(*) Médico e pecuarista