A comida do futuro
Se você tiver mais de 40 anos, não correrá riscos
Se você tiver mais de 40 anos, não correrá riscos. Mas, para essa meninada que está superlotando o mundo e conhecendo coisas das quais jamais suspeitávamos, a vida será bem mais complicada. A FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), em recente documento, afirma que a população do mundo em 50 anos terá 2 bilhões de habitantes a mais. Um acréscimo de dois bilhões de bocas para serem alimentadas. Já pensou nessa situação? Esse aumento criará uma série de grandes problemas como alimentação, moradia, transporte, segurança, saúde, educação e outras dificuldades. Alimentar 8 bilhões de pessoas por dia não é nada fácil. É por isso que a FAO está procurando soluções. De onde tirar tanta proteína se não haverá espaço para criar tanto gado?
Bem, a única solução é criar fontes alternativas. Insetos, por exemplo. Hoje, estamos acostumados com carne de boi, porco, frango, peixe. Mas, se refletirmos sobre o que temos, hoje, à nossa disposição, vamos levando a vida. Com os recursos da culinária moderna, não temos bem certeza do que andamos comendo e bebendo. Não temos consciência. Estamos sendo enganados. O que tem gosto de laranja, pêssego, maçã, na realidade não é laranja, pêssego ou maçã. São sabores produzidos por recursos químicos.
Já faz bem tempo, coisa de quarenta anos, fui convidado para conhecer uma indústria de salame (mortadela). Mostraram-me e explicaram tudo, desde a chegada da matéria prima até a embalagem final. Podem acreditar, depois do que vi, nunca mais comi salame em minha vida. Comida industrializada é uma agressão, não sabemos o que estamos comendo. Dias atrás, li as declarações de um “cientista de alimentação” de que muito em breve os laboratórios criarão carne (proteína) artificial a partir da manipulação de células-tronco. (Não entro no assunto porque não entendo absolutamente nada dele). E daqui a 10 anos o que vocês estarão comendo? Quais serão as fontes alternativas? Segundo os técnicos da FAO teremos de recorrer aos insetos. Já procuram nos convencer de que aos poucos seremos recondicionados em matéria de alimentação. Ficamos espantados, mas sempre fomos condicionados em matéria de comida. Comemos frango caipira em molho pardo, mas vocês pensaram o que comem os frangos caipiras? Já morei em fazenda, comem o que veem pela frente, grilos, baratas, mandruvás, carne podre, minhocas, besouros, taturanas, fezes, nem é bom pensar. O que acontece é que fomos acostumados com isso e achamos que o frango caipira é muito asseado. Na China, espetinho de escorpião é prato de grande estima. Os esquimós tomam sopa de vermes. Na Coreia adoram carne de cachorro. Conclusã comida é problema de condicionamento. Só isso. Para evitar os engulhos, seremos (vocês...) bem preparados para comer o que lhes oferecerem no futuro. Sei que ainda como muita porcaria. Mas, que fazer? Passar fome?
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro