Fico sempre e cada vez mais admirado com a inteligência e oportunidade dos nossos políticos. Aliás, devo esclarecer, os nossos profissionais desta área. Em minha atitude de amador desprevenido pretendia ler e ver as proclamações e o entusiasmo desta classe com este torneio de fama mundial. Achei que a turma da propaganda ia nadar de braçada, agora que até os analfabetos estão lendo os outdoors espalhados pelo nosso mundo. No momento, os patriotas iriam trocar seu cartaz de O gás é nosso, o petróleo e tudo mais por um A Copa é nossa! Neymar é o homem do Brasil, seu salário será exemplo para o gasoduto, Belo Horizonte vai abrir-nos o coração... e a bolsa. Que nada, meus amigos, os políticos e nossos candidatos entendem que curicaca não canta em perigo... deixa ver o que vai acontecer. Como sou profeta pela idade, já lhes adiant se o Brasil ganhar a Copa vai acontecer um enxurrio de candidatos do eu falei, o meu Brasil é nosso pai herói, o mundo se ajoelhou aos nossos canarinhos!... Não duvido de sair estampa com o nome e foto do candidato cercado dos nossos melhores jogadores... provavelmente seriam seus eleitores. Agora, como tudo pode acontecer, nós podemos perder a Copa... e será um desastre. A turma da eleição não vai chorar: tiram os cartazes da Copa e reerguem o petróleo, gasotudo e tudo mais. Meu amigo leitor vai perguntar: pombas, seu doutor, você quer só gorar e destruir? Não, meu amigo, eu já contei o que sofri no Rio de Janeiro assistindo à Copa de 1950. Nós todos sofremos, só que os candidatos perderão a pólvora que pretendem usar. De coração, e enquanto vivo e tenho oportunidade desta última Copa do Mundo, quero é que o nosso Brasil seja o campeão, vingando 1950. Os políticos em propaganda são desculpáveis, como eu e você e nós todos: queremos é ganhar esta Copa. Se for necessário, como diria o Pedrinho da farmácia do Veríssimo, ganhar com gol roubado e juiz comprado. É feio, concordem comigo. Mas concordem também com nosso patriotismo, que está acima de tudo e de todos. A Gasmig pode vir... mas a Copa é de urgência. Portanto, rezem por ela – o Brasil precisa desta alegria.