Dois irmãos, filhos do mesmo pai. Um é promotor de justiça, o outro passa a vida entrando e saindo da prisão, cumprindo penas por crimes variados. O pai não foi grande modelo, tendo ele próprio cumprido seus dias como hóspede involuntário do Estado. Perguntou-se aos irmãos por que escolheram os respectivos percursos. Para a mesma pergunta, resposta igual:
– Como eu poderia ter escolhido outro caminho com o pai que eu tive?
Responsabilidade, escolhas e consequências, disso se trata.
Numa semana em que o mundo assiste ao desenrolar de dois eventos com múltiplos óbitos, há muitas dúvidas, porém, sempre aparecem aqueles que oferecem “soluções” fáceis para problemas difíceis.
Num caso, os que se foram eram crianças, e o executante, um jovem perturbado que já havia dado sinais múltiplos de que algo não estava bem.
No outro, criminosos, adultos, que escolheram a vida que levavam e se foram, num confronto com a polícia.
Quase imediatamente após as tragédias, aparecem fórmulas, aparentemente mágicas, que vão resolver tudo isso e tornar o mundo um lugar melhor. Como? Debater não é permitido, apenas concordância absoluta, caso contrário, vem o rótul genocida, infanticida e outros “idas” até se calar o desavisado questionador.
Enquanto no curto e médio prazo medidas duras são necessárias, só no longo prazo haverá tempo para as transformações fundamentais que têm que vir.
A crise mais séria que o mundo vive no momento é a crise espiritual.
É a força espiritual que confere aquele propósito que vai além deste mundo e faz com que uma pessoa decida pelo caminho certo, ainda que seja o mais difícil, o menos popular, o mais longo e tortuoso. Mas é o correto.
Enquanto esse dia não chega, a responsabilização tem que vir de fora pra dentro. Medidas de repressão e controle têm que ser realidade, até que não sejam mais necessárias, caso contrário, é entregar os cordeiros aos lobos, prontos para o abate.