500 reais. Esse é o valor que os professores mineiros aposentados receberam neste mês. Os da ativa também tiveram o salário drasticamente parcelado. Com esse dinheiro, nossos profissionais da educação precisarão comprar alimentos, pagar luz, telefone, aluguel, financiamentos e cobrir todas as despesas que uma família tem para viver com dignidade.
Esse é o último desdobramento de uma série de medidas austeras que o Estado tem promovido, usando os salários dos servidores estaduais como uma conta-corrente para equilibrar as finanças públicas.
Num quadro tão penoso, restou aos professores na ativa apelar para a greve, reivindicando o pagamento do piso salarial e o fim do parcelamento dos salários. Já os professores aposentados se veem de pés e mãos atados diante da situação de descaso. O fato é que, num triste trocadilho, greve de professores nunca afetou governo sem educação.
Numa empresa, um gestor responsável buscaria equilibrar a contabilidade aumentando receita, buscando financiamentos, renegociando dívidas e, o mais importante, fechando ralos e cortando despesas discricionárias, as típicas mordomias. O salário do trabalhador precisa se manter intocado. Era essa a preocupação que esperávamos ter de um governador afiliado ao Partido dos Trabalhadores, mas não temos visto essa postura em Minas. O professor, profissão de todas as profissões, não está recebendo nem mesmo o mínimo respeito que um ser humano merece.
O governo culpa os caminhoneiros por esse atraso nos pagamentos dos professores. Incrível como a greve dos caminhoneiros não afetou os salários das autoridades competentes, que recebem valores tão altos e que poderiam, esses valores sim, sofrer cortes sem essas autoridades terem que abrir mão do básic alimentação, saúde, transporte.
No Brasil, nunca se ouviu falar de greve de deputados, senadores, vereadores e de toda a alta cúpula, por atraso no pagamento de seus polpudos e indecentes salários, nem sobre o corte de suas mordomias, aquelas de que eles e suas famílias desfrutam no decorrer do mandato e depois dele.
Mas nós, brasileiros, aprendemos. Caminhoneiros mostraram união na poderosa greve através da qual reivindicaram direitos da classe. Eles mostraram o quanto a economia nacional precisa deles e, ao mesmo tempo, tornaram evidente o distanciamento do governo federal para com esta classe e com a sociedade brasileira. Afinal, a população apoiou a paralisação mesmo perante a escassez de itens como alimentos e combustível. Com a greve, vimos que nossos governantes desconhecem o poder dos trabalhadores.
Os caminhoneiros tiveram nosso apoio. Agora é a vez dos professores. Nós, brasileiros, somos administradores responsáveis, e vamos apoiar os trabalhadores que tanto se sacrificam para sermos um país melhor. Professores, estamos com vocês.