Hoje a Engenharia brasileira perde um de seus mais ilustres membros
Hoje a Engenharia brasileira perde um de seus mais ilustres membros. Refiro-me ao querido mestre Vicente Marino Júnior, uberabense nato, com uma gama de trabalhos realizados em todos os quadrantes do país. Com essas palavras iniciei uma mensagem que, no dia 19/08/2018 (data do seu falecimento), enviei às redes sociais.
Na saudosa Escola de Engenharia do Triângulo Mineiro, Vicente Marino Júnior deu a aula inaugural aos primeiros calouros em janeiro de 1957. Projetou, calculou e executou grandes estruturas com vãos imensos e desafiadores. Pautou a vida como servidor da Engenharia Civil e teve a honra de formar inúmeros alunos que se tornaram renomados profissionais mundo afora.
Não por acaso, Mestre Marino foi um colecionador de homenagens como paraninfo, patrono e nome de turmas. Sempre se fez respeitar como extremado pai, avô, bisavô e dedicado esposo de Maria de Lourdes Vasques Martins Marino. Amigo de seus amigos e, apesar da alta competência, sempre teve a humildade acima de si mesmo.
Nós, Engenheiros, podemos dizer, sem receio de errar: perdemos a nossa grande referência, o ícone engenheiro Vicente Marino Júnior.
Um dia perguntei ao mestre Marino se alguma vez a Engenharia lhe causou decepção e vejam a resposta: – “A Engenharia não decepciona ninguém, alguns que a exercem sim, é que decepcionam”. Narrou-me episódios do dia mais triste de sua vida como engenheir ao dar aula na escola de Engenharia em Uberlândia, um avião da Esquadrilha da Fumaça precipitou-se no solo, a poucos metros dele e de seus alunos. Ao voltar à nossa cidade, soube, ao meio-dia, que seu aluno Raimundo Nonato dos Reis Frazão havia falecido numa quadra de esportes do Uberaba Country Clube, vitimado por um enfarte fulminante. Naquela mesma tarde, Zote lhe informou que um pilar de concreto armado, na sua Usina Delta S.A. Açúcar e Álcool, ruiu e levou consigo a estrutura de um galpão. Causa: certo trabalhador havia amarrado uma talha na lateral do pilar e arrastado pesadas peças. Quebrou o pilar e guardou silêncio. Veio uma tempestade e, com ela, o desabamento. Nessa narrativa vi lágrimas correrem dos olhos de Marino.
Falar sobre o engenheiro Vicente Marino Júnior, formado em 1955 pela Escola Nacional de Engenharia, é falar de Uberaba nos seus últimos 63 anos. Todos os progressos e avanços que experimentamos têm a sua participação direta ou indireta. Direta quando ele mesmo operou como profissional e indireta quando seus ex-alunos operaram e ainda operam. Vide o exemplo de José Maria Barra e outros baluartes.
Foi meu paraninfo e fui seu estagiário. Nosso grupo de auxiliares tinha em Vicente Marino Júnior um pai, um irmão, um mestre, um conselheiro e jamais o vimos perder a postura do homem calmo e sem mágoas. Hoje nos embrenhamos na saudade e não há como esquecê-lo. Nas obras em Uberaba e região, via de regra, existe a sua marca. Os clientes e colegas de profissão que a ele recorriam avalizam esta assertiva. Vicente Marino Júnior era unanimidade!