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A expectativa

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 18/07/2020 às 06:39Atualizado em 18/12/2022 às 07:56
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A expectativa é uma crença imaginada para acontecimentos no futuro, mas que às vezes não acontecem, gerando um sintoma de decepção. Pode ser também o contrário, surgindo algo que a pessoa nem esperava, dando a sensação de surpresa. Essa espera tem que ser paciente, sem pressa e trabalhada, porque as coisas não surgem do nada, do vazio, a não ser através de um milagre divino.

Quando o agricultor planta uma semente, a esperança é de uma boa colheita. Ele faz a sua parte com o trabalho de cuidar, de acompanhar, de adubar a terra, impedir a destruição por insetos nocivos, mas o resultado depende de paciência e confiança na força da natureza. Mesmo com toda a tecnologia que ajuda na produção, os frutos são consequência do mistério escondido na criação.

No Evangelho Jesus fala do joio e do trigo. Ele compara os dois com a construção do Reino do céu. O mundo é o terreno onde é jogada a semente da Palavra de Deus, comparado com a plantação do trigo. Nesse mesmo ambiente cresce também o joio, uma semente daninha, que abafa o trigo e dificulta seu rendimento. Mas os dois devem crescer juntos até o tempo da colheita, e o destino de ambos.

Como seres humanos, as pessoas são comparadas com o trigo e o joio da parábola. Todas elas caminham juntas, mas a identidade de cada uma só vai aparecer no julgamento do juízo final. A separação do joio e do trigo se deu na colheita, um sendo guardado e o outro colocado no fogo para ser queimado. No caminho de esperança não podemos ficar julgando uns aos outros.

Diz o ditado popular, “a esperança é a última que morre”. A crise da pandemia, somada com a “desgovernança” nacional, está deixando muita gente no desespero. São mais de sessenta mil mortos pela Covid-19 e uma política de administração com longo tempo sem definição de um Ministro da Saúde. O país precisa de alguém para superar as inseguranças na condução e solução do problema viral.

Vivemos o tempo da paciência de Deus, porque Ele não tem atitudes eliminatórias, mas espera acontecer atitudes de superação das falhas praticadas pela humanidade. Por isto é fundamental que cada pessoa preste atenção no que realiza, fazendo seu julgamento em relação ao bem ou ao mal, se são atitudes de trigo ou de joio, porque terá que assumir as consequências futuras.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba

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