De um lado, judeus mandando bombas que arrasam quarteirões, são cegos e, com isso, matam crianças, mulheres e anciãos que nada têm com a tal de Hamas, um grupo desesperado de terroristas que revidam com uns pobres mísseis de segunda mão. É claro que os judeus são muito mais fortes, ou seja, na triste linguagem da guerra, estão matando bem mais que os tais terroristas que desejam exterminar. Parece-me que isso não será tão fácil, terrorista muçulmano é fanático, vão reaparecendo aqui e ali, talvez resolvam jogar aviões-bomba agora em Paris e Londres. Afinal, eles acreditam que assim Alá os receberá no céu, com direito a quatro ou mais mulheres. Aliás, na semana passada mataram um que já tinha o seu céu na terra, com quatro mulheres desfrutáveis e seus filhos. Uma barbaridade, pensei, destruir assim uma família inteira, e deixar sair na imprensa essa fotografia imoral. Olhem, lá atrás vão encontrar uma crônica onde falei dessa estupidez racial e religiosa. Ali eu dizia que judeus, israelitas e cristãos representam os povos monoteístas, todos nascidos do pai Abraão. Como dizer ou pregar aos ateus ou outras religiões que este é o povo do Deus único e verdadeiro? Uma estupidez, penso, porque esta não é uma guerra religiosa, como em outros tempos tentaram e fracassaram as cruzadas da cristandade. Esta atual é pelo dinheiro, pelo poder, pela superioridade do homem tecnológico sobre os seus inferiores mais pobres e ignorantes. Deixo o pensamento voar – sou especialista nisto! – e vejo que aqui em nosso mundo, que chamamos pacífico, fraterno e amoroso... também existe uma faixa desumana, a que chamo nossa faixa de casa. Ocultamente, sem mísseis ou foguetes, o homem atual não é diferente do judeu ou do muçulmano. Nós também lutamos e queremos um território, aquele que nossa ambição permite ou quer. Riqueza? Poder? Prestígio? Fama e Glória? Não vamos negar, nós todos temos aqui dentro e escondido o desejo de subir na vida, muitas vezes por bem ou por mal, às vezes subindo pelas pernas e corpos dos mais fracos. Admitimos existir uma faixa de casa que é pobre, sofredora, incapaz... mas nada fazemos para que ela saia de suas pobrezas e misérias. Umas bolsas família, bolsa escola, bolsa desemprego, bolsa idoso, bolsas mais a inventar para tapear nossa consciência e também ganhar inveja... ou votos. Caramba, como diria Catilina: quousque tandem... até quando teremos dó e sofrimento por Gaza, tão distante, e nada pela nossa Casa, tão perto?... (*) médico e pecuarista João Gilberto escreve às quartas-feiras neste espaço