E quando menos vimos, já se passaram treze anos da partida do nosso maior cronista de todos os tempos, Ataliba Guaritá Neto. A 14 de setembro de 2000 o vimos partir e até hoje a lacuna que deixou aberta permanece impreenchível. Seus seguidores lutam para imitá-lo, inclusive eu, mas o “danado” levou a forma consigo.
Netinho, do alto da sua eloquência, tendo ao fundo a música Verão em Veneza, executada pela orquestra de Mantovani, por mais de quarenta anos nos brindou pela Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro com a inesquecível “Crônica ao meio-dia.” O improviso era o seu forte e até hoje ninguém ousou fazer o mesmo por essas bandas. É que o filho desmedidamente apaixonado por Uberaba estendia o seu amor a tudo que fazia. Suas crônicas estavam nesse elenco. Aí morava a diferença.
No ano de 1961, iniciei minha admiração por Ataliba Guaritá Neto quando levei a ele a renda auferida por uma Folia de Reis infantil, na qual eu fazia a segunda voz. Numa tarde, no salão de vendas da Loja da Fábrica, situada na rua Artur Machado, aquele homenzarrão, ou melhor, um semideus para mim, atendeu-me com requintes de um gentleman. Ataliba direcionou a doação que fizemos e depois prestou contas nas páginas do jornal Lavoura e Comércio.
No instante em que eu concebia esta crônica, recebi a grata visita do amigo jornalista César Vanucci, vindo de Belo Horizonte. Sem que ele esperasse, perguntei-lhe: César, quem foi para você Ataliba Guaritá Neto? E ele respondeu: - Netinho, se quisesse, além do vereador que foi, poderia ter galgado todos os cargos eletivos da nossa terra e quiçá do Estado. Concordei com César e conversamos muito sobre a dura decepção de Netinho com a política. Luiz Gonzaga de Oliveira que também o diga.
Por mais que nos esforcemos, é difícil defender Uberaba como fazia A. G. Neto. Está certo quem diz que o Uberaba Sport Club não teria chegado aonde chegou se Netinho vivo ainda estivesse.
O Centro Administrativo do nosso Município tem o nome do colunista social, homem de rádio e TV, além do exímio cronista que há doze anos nos provoca saudade. Tudo isso é pouco diante da falta que ele faz para a sua querida terra. Estamos lhe devendo uma comenda com o títul Ataliba Guaritá Neto.
(*) PRESIDENTE DO FÓRUM PERMANENTE DOS ARTICULISTAS DE UBERABA E REGIÃO, MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS DO TRIÂNGULO MINEIRO