Além de ser um esporte, o futebol é também uma arte. Ora, só mesmo artistas para fazerem certas coisas com a pelota nos pés. Aliás, nos gramados – palcos – do mundo, nossos jogadores são conhecidos por fazerem verdadeiros malabarismos jogando futebol. O termo “futebol arte”, podem ter certeza, só existe por causa dos nossos craques. Porém, é normal que muitos se confundam. Tem muito jogador bom de bola que confunde as coisas. Eles acham que ludibriar o colega é o mesmo que humilhá-lo. Da mesma forma, outros atletas, confundem o fato de serem driblados com a errônea noção de humilhação. Mesmo me reconhecendo como um “perna-de-pau” sou a favor e militante do futebol arte. Gosto de ver jogador habilidoso em campo. Gosto quando um time com alta qualidade técnica faz sucesso, pois, quando o contrário acontece, muitos chegam a afirmar que é preciso investir no futebol feio, porém, vencedor. É verdade que existe muito jogador habilidoso, mas que não rende nada. Dribla daqui, finta dali e no final, não sai do lugar. Aí não dá. O ideal é quando o cara é habilidoso e joga para frente. Este é o caso Maicosuel, camisa 10 botafoguense. Considerado o melhor jogador do Campeonato Carioca, o meia recebeu uma falta dura do Juan, lateral-esquerdo do Flamengo – e, diga-se de passagem, também habilidoso – por ficar brincando com a bola, enquanto o lateral o marcava na tentativa de tomá-la. Para mim, o Juan está totalmente errado na sua atitude. E continuou ainda mais errado quando, com o colega no chão, tentou intimidá-lo, dizendo para que ele, Maicosuel, parasse de fazer gracinha. Juan, meu caro, o povo quer gracinha! O povo quer alegria! Se assim não fosse, para que iríamos ao estádio? Muitos sábios comentaristas esportivos lembraram um fato interessante: se o que o meia fez demonstrou desprezo e falta de respeito, o Garrincha seria o cara com mais desdém do mundo e também o mais sem escrúpulos. Ora, o Garrincha fez muito sucesso com a camisa do Fogão, “humilhando” seus adversários. Ele dançava para lá e para cá. Entortava as colunas alheias com seus dribles desconcertantes e ninguém achava falta de respeito ou pedia que ele parasse de fazer gracinhas. Se naquela época era bonito, por que hoje é falta de respeito, Juan? Falta de respeito, para mim, foi o que o Edílson fez quando jogava no Corinthians, em um jogo diante do Palmeiras, no dia 20 de julho de 1999, com o Morumbi lotado. O jogo em que o Timão sagrou-se campeão paulista e que terminou empatado em 2 a 2, era nervoso – aliás, todo Palmeiras X Corinthians é nervoso – aí, me vem o Edilson e começa a fazer embaixadinhas. Aí não dá. Com a atitude, no mínimo irresponsável, o Capetinha gerou uma grande confusão. Jogadores, comissão técnica, gandulas e até policiais entraram na briga, causando uma cena que ficou guardada na memória de todos. Para mim, os casos são diferentes por um simples fat o Maicosuel estava com o marcador à sua frente e precisava livrar-se dele. O Edilson, não. Ele estava sozinho e fez o que fez justamente para deixar seus colegas adversários nervosos. Por isso, reforço meu pensament o futebol arte deve ser respeitado e preservado. Quanto à fazer firulas que não levam a lugar nenhum, recorro à passagem das Sagradas Escrituras, que diz: “Tudo tem seu tempo e há tempo para tudo”... Por isso, quando alguém estiver naquele rachinha do final de semana e começar a brincar com a sua cara, tenha paciência e relaxe, é só brincadeira. Não vá dizer para o seu amigo parar de fazer gracinha. Preserve a arte!