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A força do diálogo

Estimado leitor, nada é mais poderoso do que o diálogo. Sócrates, filósofo grego do século V a.C., foi condenado à morte por ser um expert na arte de dialogar com as pessoas

Mozart Lacerda Filho
Publicado em 21/02/2010 às 20:05Atualizado em 20/12/2022 às 08:00
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Estimado leitor, nada é mais poderoso do que o diálogo. Sócrates, filósofo grego do século V a.C., foi condenado à morte por ser um expert na arte de dialogar com as pessoas. Nas suas conversas com seus discípulos, o mestre de Platão propunha que seus interlocutores passassem em revista suas certezas acerca das coisas. Esses, ao constatarem, por intermédio do método dialogal, que o conteúdo de suas ideias era vago e impreciso, procediam a um exame interno, que resultava no partejamento do verdadeiro conhecimento. Sócrates estava longe de simplesmente propor um bate-papo com aqueles que o procuravam para dialogar. Os encontros tinham o objetivo explícito de examinar a psiqué, a alma de todos os envolvidos, promovendo um alargamento de consciências. Esse aprimoramento do comportamento levava os indivíduos a aumentarem o seu grau de questionamento acerca da vida, do seu lugar no mundo e, sobretudo, do seu lugar na polis, interferindo na ordem política vigente. Por isso, Sócrates foi levado, injustamente, ao tribunal, onde foi condenado à morte por envenenamento.   Em 2009, comemorou-se 70 anos da morte de um dos maiores intelectuais de todos os tempos e amante declarado do diálog Sigmund Freud. O método psicanalítico, desenvolvido por ele, é totalmente baseado no diálogo e aproxima-se muito do método de investigação socrático, uma vez que o terapeuta, assim como o filósofo, visa a alargar a concepção individual e de mundo de seu paciente. Isso acabou fazendo de Freud também um maldito. Não foi condenado à morte, como ocorreu com Sócrates, mas o médico vienense, durante muito tempo, foi renegado por seus colegas de profissão, dentre outros dissabores sofridos. Outro que muito se beneficia da arte de dialogar é o professor. Quanto mais dialogais forem suas aulas, maior a probabilidade de seus alunos as aproveitarem. Para isso ocorrer, entretanto, é necessário que os professores idealizem aulas onde o espaço para o diálogo seja preservado e seus procedimentos metodológicos incentivem a participação de seus alunos. Partir do princípio de que eles possuem, cada um à sua maneira, um conhecimento prévio ajuda bastante. O problema é que muitos professores acham que seus alunos nada sabem e, sendo assim, não encontram motivos para deixá-los falarem.   Também é importante abordar a importância do diálogo na família. Tanto para pais e filhos quanto para maridos e esposas nunca foi tão imperioso o uso do diálogo. Não deve ter passado despercebido a você, estimado leitor, que vivemos num mundo onde a individualidade triunfou sobre a coletividade. As implicações disso no mundo familiar são enormes, fazendo com que pais, filhos, maridos e esposas, mesmo dividindo o mesmo espaço, ajam como se fossem absolutamente estranho uns para os outros. Não é por acaso que, na lógica de certa arquitetura, os quartos são bem maiores do que as cozinhas. Os espaços de isolamento são bem mais confortáveis do que os espaços de convivência. Num ambiente assim, como o diálogo pode acontecer?   E se não há diálogo, as pessoas não comunicam o amor que, mutuamente, sentem. Demonstração de amor passa por gestos e posturas. Mas, quando o diálogo é coisa corriqueira, as pessoas podem dizer umas para as outras: eu te amo. Expressão cada vez mais necessária entre pais e filhos e maridos e esposas.

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