O título deste texto permite pensar que vem aí uma fábula infantil daquelas que, bem contadas, levam as crianças ao sono. Não, nada disso! O assunto é real e um bom prosador ao falar da formiga e do mosquito pode levar o adulto responsável a ter pesadelos.
Vamos aos fatos: tudo ocorre quando uma equipe da Rede Globo, às sete horas da manhã, realizava reportagem na praça em frente do mais antigo cemitério da cidade. Certo senhor, já quase septuagenário, faz seu depoimento espontâneo diante da câmera quando passa por aquela equipe um veículo coletivo que para logo à frente e seu condutor volta a pé.
“Olha, eu estou com vocês!” disse aquele atônito motorista, como se soubesse do que se tratava a reportagem. E sabia mesmo. O trabalho jornalístico enfocava a construção de um hospital praticamente encostado ao Cemitério S.J. Batista. Tão logo foi atendido, entrou em cena o recém-chegado que se explicou: “Olha, nesse terrenão aí de frente tem um tipo de formiginha branca e um mosquitinho que não vi em lugar nenhum”.
Perguntaram-lhe: - E no cemitério tem? Com os olhos arregalados, o cidadão respondeu à sua maneira e criou dúvida geral. Fiquei na minha e pedi ao informante que explicasse melhor à reportagem. Ele relatou tudo sobre as peripécias da dupla de pequeninos e irracionais naquele imóvel, mas pediu absoluto anonimato.
Conversando ali, lembrarmos que as formigas e os mosquitos alcançam longas distâncias. Elas por baixo ou por cima da terra e eles pelo vento.
Suspeitamos unanimemente que a origem de tais insetos poderia estar por perto, ou seja, no Cemitério São João Batista. As bactérias do subsolo contaminado daquela nossa última morada poderão pegar carona com as formigas e os mosquitos, indo até o Hospital Regional de Uberaba e vice-versa? Comunidade Científica, é sua a palavra.
Agora compreendo por que as infecções hospitalares no Brasil superam em duas vezes o número médio mundial de casos (Anvisa 25/05/10 - TV Band).
Querida Uberaba, você não merece tamanha agressão!
(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro