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A fragilidade da esperança

Ultimamente tenho comentado a ciranda política que nos rodeia. Que você, meu amigo, me perdoe o...

Padre Prata
thprata@terra.com.br
Publicado em 27/01/2013 às 17:44Atualizado em 19/12/2022 às 15:03
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Ultimamente tenho comentado a ciranda política que nos rodeia (Mensalão, enriquecimento à custa do dinheiro do povo e tudo isso que você lê todos os dias nos jornais). Que você, meu amigo, me perdoe o desencanto com as coisas que acontecem ao redor de nós. A falta de caráter, a falta de vergonha, a corrupção oficializada, a obsessão do poder, a exploração do mais frágil, a desfaçatez, a impunidade do crime, tudo isso ultrapassou os limites da tolerância. Mas hoje estive pensand Para que empapar de vergonha os últimos anos de minha vida? O importante é viver em paz. Para que me irritar com a falta de caráter de meus dirigentes? Ainda há tempo para ouvir música, para ler poesia, para orar, para amparar o que sofre, para estender a mão ao pobre. A música, a poesia, a oração, a fidelidade do amigo. Tanta coisa limpa!

No capítulo onze do profeta Isaias há um trecho de clara esperança, naquele tempo conturbado, há quase três mil anos de nossos dias, em que ele descreve um mundo que ainda virá. Um mundo em que o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao lado do cabrito, o bezerro e o leão andarão juntos, um menino andará com eles, as crias das vacas e das ursas deitarão lado a lado, o bebê brincará no buraco da cobra. Ninguém fará mal a ninguém.

Vê-se que é uma alegoria. O que Isaias queria dizer é que ainda viveríamos num mundo de paz. “Ele”, o salvador virá.

Hoje, cai em minhas mãos um texto que tenta acender uma luz. Uma chamazinha. Um mundo melhor virá. Um dia as crianças encontrarão palavras que elas não compreenderão, o que significa ter fome no Chade, drones, bombas atômicas e napalm. Todas as crianças do mundo perguntarão o que é guerra. E tu responderás: são palavras que não se usam mais. Só se usam nos dicionários. Haverá um tempo em que o homem não será o inimigo do qual se deve proteger, em que o vento tenha o direito de soprar, em que se ensine às crianças a olhar para o céu e para os homens. Haverá o tempo em que o homem será amigo do homem. Por enquanto, restam-nos os choques das vagas e o trabalho na esperança.

“Quando, meu amigo, tiveres semeado cuidadosamente o solo de teu jardim, depois e o teres arroteado, teu Deus vivo nascerá um dia sobre tua própria terra.” (Bô Jin Râ)

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

E-mail: thprata@terra.com.br

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