Estimado Leitor, Leonel Brizola foi um dos mais carismáticos e polêmicos políticos nacionais. Quando ocorreu o golpe civil-militar no Brasil, em abril de 1964, ele se afirmou como uma das primeiras vozes discordantes e, amotinado no Rio Grande do Sul, serviu de exemplo para outras formas de resistência.
O Partido Comunista Brasileiro foi duramente atingido com a chegada dos militares no poder, tendo muitos dos seus militantes sido presos, exilados ou caído na clandestinidade política. No Triângulo Mineiro, um grupo de vinte militantes do PCB que conseguiu escapar da prisão, decidiu montar um foco guerrilheiro.
Fruto do entendimento de que a guerrilha era a melhor opção para derrubar a ditadura recém-instalada, militantes clandestinos, alguns ligados ao PCB e outros ao brizolismo, fundaram, em 1965, o MNR: Movimento Nacional Revolucionário.
Por conta de contatos com outros grupos da América Latina, militantes do MNR foram deslocados até Cuba para participarem de treinamentos militares, visando à implantação de três focos guerrilheiros no Brasil: um no sul do País, outro no Norte e um terceiro no Brasil Central.
Com a prisão de Manoel Raimundo Soares, sargento do Exército que aderiu aos ideais guerrilheiros, o foco de guerrilha alocado na região Sul foi transferido para a Serra do Caparaó. Enquanto isso, o jornalista Flávio Tavares, iniciava o foco guerrilheiro na região do Brasil Central.
Em meio a esse turbilhão de coisas, em fevereiro de 1967, o pequeno grupo de vinte militantes do Triângulo Mineiro conseguiu fazer contato com Flávio Tavares a fim de unirem forças. Nascia, assim, a Guerrilha do Triângulo Mineiro.
Formado por vinte e dois militantes, majoritariamente estudantes, pequenos agricultores, profissionais liberais e operários, esse grupo era motivado pela insatisfação com os rumos tomados pela direção do PCB quanto à luta contra a ditadura.
Com a ajuda de Tavares, um instrutor militar-revolucionário foi enviado à Uberlândia e, com ele, aprenderam a manejar armas e construir bombas. Pretendiam executar uma ação de expropriação contra o carro pagador do DNER.
Em julho de 1967, todos foram presos, delatados por um agente da repressão infiltrado no grupo. Em poucos dias, Tavares também foi levado à prisão. À época, os grandes jornais brasileiros noticiaram fartamente a desarticulação do que seria a “Guerrilha do Triângulo Mineiro” por obra da atuação vigilante dos órgãos de segurança do regime civil-militar. No início de 1968, todos foram libertados.