Domingo, 25 de janeiro de 2009. Um mês após o Natal, a torcida do Uberaba Sport ainda aguarda, ansiosamente, o presente do “bom velhinho”. Neste caso, uma vitória, a primeira na antiga Era Michael Robin. Ou, depois de alguns e-mails, antigo Reinado Michael Robin. Mas, antes de relembrar aquele dia, relembremo-nos do que ocorreu algum tempo antes. Quando chegou ao clube, no final de 2008, o técnico e também empresário, Michael Robin, prometeu montar uma equipe forte. De início, trouxe jogadores conhecidos – por ele, apenas – e dava sinais de que o ano seria muito bom para o USC. Os torcedores, assim como fazem as crianças quando querem ganhar um bom presente, se comportaram bem. Não fizeram coisas erradas, enfim, foram bons meninos. Era bonito e empolgante ver o Boulanger Pucci cheio em pleno dia de treino físico. Robin, uma pessoa com poder de cativar o povão, diga-se passagem, dizia, em discursos inflamados, que o time lutaria não só pela classificação, mas também pelo inédito título de Campeão Estadual... Ernani Nogueira, diretor de futebol do USC, contra a parceria entre o treinador/empresário e o clube desde o início, não escondia sua insatisfação. E, afirmando não querer se desgastar ainda mais, deixou o clube, após uma discussão com o treinador. Robin, então, surgiria como o herói. Adiantou R$ 300,00 aos jogadores, para eles comprarem seus “frangos assados” no Natal, e ficou ainda com mais moral, com a torcida e parte do elenco. Com o tempo, chegaram os amistosos. No primeiro, contra o Araxá, a equipe Colorada venceu por 2 a 1. Os gols, marcados por jogadores que já estavam no clube, Tiago Emílio e Neto, deram ainda mais esperanças. Porém, não foram suficientes para esconder a necessidade de se formar um bom time, com aquele belo grupo de atletas. Robin, em seu momento Robin de ser, proclamou que suas respostas sempre seriam assim, dentro de campo e com vitórias, deixando a impressão de que os Colorados teriam um 2009 feliz, bem diferente do fatídico ano de 2008. Mas, em sua primeira apresentação no Uberabão, o time enfrentou o Sertõazinho, equipe da Série A-2 Paulista. O resultado, para decepção de todos, foi 3 a 0. Ops! Decepção de quase todos. Naquela oportunidade, Robin declarava que o resultado não importava. Pois, no Estado de São Paulo, o que vale é o resultado do primeiro tempo. E aqui, no primeiro tempo, o resultado foi de 0 a 0. Tá né... como bons torcedores que são, todos aceitaram. No jogo de volta, em Dumont, o time parece ter incorporado o espírito de Santos Dumont, o precursor da aviação, e voou em busca da vitória. No fim, o USC venceu por 2 a 1. Para Robin, mesmo estando no Estado de São Paulo, aquela história de o que vale é primeiro tempo, foi totalmente esquecida e nosso ex-simpático treinador se vangloriou, dizendo que aquele era o USC. Tá, né... novamente, mais felizes, é claro, todos aceitaram. Tempo vai, tempo vem. Saem jogadores, chegam jogadores... sai um preparador físico e retorna outro... volta o diretor de futebol... e o time, viaja à Itumbiara, para enfrentar a nova equipe do folclórico Túlio Maravilha, autor de dois gols naquela partida e, ao lado das falhas da zaga colorada, um dos responsáveis pela vitória goiana. Voltemos ao Uberabão. De uniforme novo e com direito à carreata pelas ruas da cidade, na véspera do jogo, o time do USC entra em campo disposto a estrear com vitória no Campeonato Mineiro. O adversário era o Ituiutaba, quarto colocado no último ano, e que de bobo não tem nada. Mesmo com um início arrasador, com direito a bate e rebate na área , logo aos cinco minutos de jogo, o USC se perdeu em campo, sendo surpreendido pelo Boa, e derrotado por 1 a 0. Da tribuna, pude ver e sentir a decepção nos olhos de cada um daqueles torcedores. Ao meu redor, a esposa e filhos de Robin, assistiam de camarote a derrota do pai e de seus comandados. Ao meu lado, Luiz Humberto Borges, presidente do clube, dizia que falhas grotescas da defesa, ocorridas naquele dia, não poderiam mais acontecer... debaixo de chuva, fomos todos para casa. Molhados e escaldados nos lembramos que, mesmo que nosso time seja muito bom, do outro lado sempre existirão onze querendo o mesm a vitória. No Brasil e em qualquer lugar do mundo, uma derrota como aquela trás consigo uma semana seguinte horrível. Caras fechadas e caça aos culpados são as características mais comuns... Tentando fechar a ferida aberta, todos prometeram que aquilo não mais aconteceria. Diretores e comissão técnica se reuniram com o intuito de virar o jogo. Opiniões dadas não foram acatadas. Titulares perdendo seus postos. Suspeitas de espiões do Guarani, adversário do momento, e, no fim, em uma sexta-feira cinzenta, tanto no clima meteorológico como no astral, o estopim queimou-se totalmente, explodindo a bomba e culminando com a demissão de Michael Robin. Naquela ocasião, alguns jogadores, insatisfeitos com os métodos ou a falta de métodos de trabalho do treinador, rebelaram-se, deixando evidente para todos, o que já estava exposto no olhar de cada um: daquele jeito não dava mais. Sai Robin, entra, interinamente, o amigo dos atletas, Erick Moura. Após um pacto e a promessa de revolução, o time volta de Divinópolis com uma vitória sofrida e suada, mas merecida. Sai Erick, entra Pedrinho Rocha, o preferido de Ernani Nogueira e nova esperança da torcida para comandar o Reino de Boulanger Pucci. A mesma torcida, composta por reles mortais, que novamente irá ao Uberabão, em maior número, acredito, torcer e esperar pela primeira vitória do USC dentro de casa. A hora é propícia para todos. Para Pedrinho Rocha mostrar que já deveria estar aqui há muito mais tempo. Para os jogadores apagarem a má impressão do jogo de estreia. E, para a torcida, mostrar que, ainda, está do lado do time. E que venha o Uberlândia! Bom final de semana e bom jogo a todos!