À medida que o tempo passa refletimos cada vez mais sobre o uso que fazemos do tempo que nos resta e a observação dos acontecimentos nos obriga “a colocar nossa barba de molho”, como diziam os antigos.
Ficamos sabendo de uma morte súbita aqui, de uma doença inesperada ali, de um acidente fatal acolá, de um incidente crítico e o fato é que, se as mortes que convivíamos anteriormente eram as dos avós ou pais de nossos amigos, agora ela estende seus braços aos de nossa geração.
“Debaixo desse céu há um tempo para tudo”, diz a Bíblia e, se assim é, considero um ato inteligente encarar como normal que na vida de todos nós os tempos de serenidade serão sempre sucedidos por tempos de tempestade e precisamos estar preparados para conviver sem drama com tal Lei.
Conviver diariamente em certas realidades, como a de um SAMU, por exemplo, nos ensina muito sobre a transitoriedade da vida e nos torna extremamente realistas. Não tecemos ilusões sobre a imortalidade e a integridade física. Somos obrigados a enxergar todos os dias que “para morrer basta apenas estar vivo” e que para adoecer, basta apenas estar saudável...
Muitos anoitecem e não amanhecem vivos ou da forma que se deitaram. Descem da calçada e não conseguem chegar ao outro lado da rua. Saem para o trabalho e não retornam e a grande reflexão que aqui se coloca é sobre a forma que temos utilizado o nosso tempo.
Ele tem sido usado com coisas úteis e benfazejas para nós mesmos e para o próximo ou tem sido gasto como um bem que consideramos inesgotável?
Tenho aprendido muito com a Logosofia sobre o valor do tempo e que saber usá-lo adequadamente é uma verdadeira virtude (palavra em desuso no mundo comum).
Saber criar tempos de construção, de crescimento, de concretização de projetos e de realizações pessoais é uma verdadeira arte. E, percebo que quem não a pratica, costuma passar a vida reclamando e como dizia certo cantor “com a boca escancarada e cheia de dentes, esperando a morte chegar”.
Muitos nós, atados às nossas deficiências pessoais, passamos nossas vidas sem sair do lugar comum por falta de decisão ou de vontade para concretizar aquilo que almejamos.
Que cada um de nós não passe a vida vivendo num passado que não pode ser refeito e nem num futuro que ainda não chegou. Que estejamos vivendo o presente como nosso maior presente, porque ele será em breve o nosso passado. O que construirmos no hoje, será parte do nosso amanhã, da mesma forma que o nosso hoje é legado de nosso ontem.