Nada no Brasil funciona antes do Carnaval. Pelo menos o Congresso Nacional é exemplo disso. As duas casas legislativas, Câmara e Senado, voltaram das férias de janeiro para elegerem seus presidentes e, de imediato, deram folga aos cansados parlamentares até o fim do Carnaval. Mais nove dias de férias! Devem merecer mais do que nós! Talvez até nos façam o favor de votar o orçamento da República para 2013, para que a vida econômica e financeira do país tente entrar nos eixos.
Falando em economia, a inflação já começa a morder o pé do brasileiro. Ela é invisível aos olhos, mas não ao bolso. Insaciável, corrói salários e avilta a moeda. A cada ida ao supermercado, sentimos o seu amarg uma nota de vinte reais já não tem o mesmo poder de compra do dia anterior. Centavos são ignorados. Lamentavelmente nossos controladores da economia, a quem pagamos muito bem, estão deixando a inflação voltar. Nem os gritos de nossa presidente têm poder de assustar esse monstro horroroso da inflação.
E a dívida externa? Poucos dão crédito ao que se fala sobre ela. Anda pela casa dos dois trilhões de reais. O economista Maílson da Nóbrega se referiu a ela nestes termos: “O governo lançou o pacote tentando pagar a dívida externa; o pobre levou mais um calote e a nossa dívida ficou eterna.” Acertou na mosca. Surpreendentemente, o comentário não é atual; foi publicado numa revista da década de 50, deixando clara a visão do economista em relação às finanças públicas, bem como uma veia profética.
Enfim estamos começando um novo ano. Estudantes estão de volta às aulas; impostos do início do ano já estão todos chegando às nossas casas; prefeitos eleitos já estão descascando o abacaxizal que herdaram; e o povão, que comprou sem limites, segue incansável na tentativa de sair das dívidas. Ah! Como é bom comprar! Ruim é só ter que pagar. Paciência. Nem tudo é perfeito.
Deixemos a dívida e(x)terna para os donos do poder. Mas que eles não sacrifiquem o povo com pacotes de calotes! Quanto a nós, simples mortais, vamos sempre conseguindo contornar nossos problemas, se não nos for possível acabar com eles de vez. E como bons brasileiros, vamos à luta, pois, como bem definiu Gonçalves Dias, na Canção do Tamoio, “viver é lutar”.
