Complementação das questões anteriores, até certo ponto
Complementação das questões anteriores, até certo ponto, aqui apenas transcreveremos três questões do já tantas vezes aqui citado O Livro dos Espíritos, obra com a qual surge o Espiritismo, na Terra, constituindo-se este no Consolador Prometido por Jesus, facilmente constatável pelos ensinamentos e consolações que recebemos a todo instante de tudo que sai das obras básicas da chamada Terceira Revelação, devendo tudo passar pelo crivo da razão, como recomenda Allan Kardec tantas vezes, a fim de combatermos, em nós mesmos, a tendência ao fanatismo, este incompatível com os princípios doutrinários.
Iniciemos com a questão 218, que se desdobra em várias: “— O Espírito encarnado conserva algum traço das percepções que teve e dos conhecimentos que adquiriu nas suas existências anteriores? / Resta-lhe uma vaga lembrança que lhe dá o que se chama de ideias inatas.” / — A teoria das ideias inatas não é, pois, uma quimera? / — Não, pois os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem. Libertado da matéria, o Espírito os conserva. Durante a encarnação, ele pode esquecê-los em parte momentaneamente, mas a intuição que deles guarda ajuda o seu adiantamento. Sem isso, deveria sempre recomeçar. O Espírito parte, em cada nova existência, do ponto em que chegou na existência anterior. / “— Deve haver, assim, uma grande conexão entre duas existências sucessivas? / — Nem sempre tão grande como poderias supor, porque as posições, frequentemente, são bem diferentes e, no intervalo, o Espírito pode ter progredido.” Aqui, o Codificador remete o leitor à questão 216, transcrita no artigo anterior. / “219 — Qual é a origem das faculdades extraordinárias de indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, como as línguas, o cálculo, etc.? / — Lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas do qual não tem consciência. De onde queres que elas venham? O corpo muda, mas o Espírito não muda, embora troque de vestimenta.” / “220 — Em mudando de corpo, pode-se perder certas faculdades intelectuais, deixando-se de ter, por exemplo, o gosto pelas artes? / — Sim, se conspirou com essa inteligência ou se fez dela um mau emprego. Ademais, uma faculdade pode permanecer adormecida durante uma existência, porque o Espírito veio para exercitar uma outra que com ela não tem relação; então, ela fica em estado latente para ressurgir mais tarde.”
(*) clínico geral e psiquiatra