Muitos dos erros que as pessoas normalmente cometem têm sua origem nas atitudes de arrogância
Muitos dos erros que as pessoas normalmente cometem têm sua origem nas atitudes de arrogância. Acontece que a arrogância não tem um futuro promissor, porque ela é acompanhada por uma prática de superficialidade. Faltam-lhe os fundamentos éticos e de respeito para com quem é, arbitrariamente, atingido. Na raiz de tudo estão a esperteza e o exercício irresponsável de oprimir o outro.
Nas atitudes sem misericórdia de arrogância, onde estão presentes também a opressão e a impunidade, os outros devem ser eliminados, porque são incômodos. Falta o sentimento de que o mundo foi criado para dar possibilidade de vida para todas as pessoas, sejam ricas ou pobres. É como o direito constitucional de ir e vir, exceto nas impossibilidades físicas ou por decisão judicial.
O luxo e a riqueza adquiridos com exploração, sem um constrangimento ético ou moral, podem ser provocadores de arrogância e empobrecimento de muita gente. São práticas sem segurança, principalmente quando a confiança está em si, e não em Deus. Em relação a tudo isso, o profeta Amós é muito incisivo quando diz: “Ai dos que se deitam em camas de marfim...” (Am 6,4s).
Para que o mal seja evitado, o modelo a ser seguido é o de Jesus Cristo, que usou palavras mostrando as raízes do mal e assumiu, conscientemente, a via da paixão e de sua morte na cruz. Só é possível construir a identidade das pessoas ensinando-as a viver o bem e evitar o mal, a ter a conduta de Deus. O apóstolo Paulo chama o amigo Timóteo de “homem de Deus” (I Tm 6,11).
Na parábola do homem rico e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31) encontramos um abismo, um muro entre duas pessoas. Detectamos aí uma situação privilegiada do rico, que trata o outro num formato de arrogância, e um pobre considerado descartado da sociedade. O rico tem tudo, menos nome, portanto, sem identidade. O fim dos dois foi a morte, chegando a destinos eternos bem diferentes.
Os arrogantes são tão convencidos que dificilmente exercem a prática da compaixão. Eles se acham como pessoas realizadas e sem necessidade de ajudar os desfavorecidos da sociedade. Mas isso acontece sem se darem conta de que o acúmulo desvirtua o caminho das pessoas. Muitas delas vivem fartas de bens materiais e vazias em sua dimensão existencial. Na verdade, falta-lhes a dimensão divina.
(*) Arcebispo de Uberaba