Penso que nós todos – humanos – estamos vivendo uma época terrível, farta de sofrimentos e tristes expectativas. Leio nos jornais, escuto e vejo nas televisões... e não consigo descortinar paz e felicidades no mundo que vamos vivendo. A desumana bomba que explodiu aquele avião holandês e matou quase 400 inocentes foi o sinal destes tempos onde não existe mais respeito aos seres que são chamados “semelhantes”. Não falo nem escrevo sobre o amor, coisa que nas guerra desaparece – mas pelo menos escrevo “respeito”. Na história da humanidade sempre aconteceram guerras, muitas com violência nas mortes. Entretanto, quer os ganhadores quer os perdedores tinham discussões, motivos, ameaças – a violência acontecia no campo da guerra e das mortes. Agora... como explicar aquele enorme avião sendo explodido “sem guerra”? Ali morreram todos inocentes, desarmados, em viagem pacífica, até de férias e mudança para outros países onde esperavam paz e um futuro feliz. Pior, a coisa não para aí – os que estão na terra em desumana luta vão continuar, sua promessa é apenas conquistar matando mais e mais. Isto já aconteceu na história do nosso século, era de se esperar que a lição da Grande Guerra iria demonstrar que no ódio nunca haverá paz – ganhadores e perdedores assentaram sobre suas máquinas da morte, sabendo que ninguém realmente ganhou a batalha da procurada paz... Penso, porque os anos e experiências os tenho, vivi, assisti: estamos nos degraus iniciais do sofrimento. Neste anúncio agora mundial, procuro onde poderá estar ou acontecer a desejada e pregada PAZ. Ainda nesta manhã, lendo os horrores que são anunciados e já estão acontecendo, fechei meu jornal. No hospital encontro trabalho, sofrimentos e dores, com uma diferença fundamental que os justifica: a busca da saúde, da felicidade... do amor. Passo uma letra rápida de hoje ced está agonizando em leito dom Benedito Ulhôa, seu nível de consciência vai se esgotando. Entretanto, quanta coisa de beleza e paz ele nos pregou, não pela ciência da sua cultura e saber, mas sobretudo pela paz, pelo amor dos seus semelhantes. Não me lembro mais de sofrimentos que passaram, a guerra não mais existe. É possível substituí-la por alguma dose de amor – e é disto que precisamos. Duas coisas passam aqui na minha frente – os horrores da guerra lá em cima, e aqui embaixo uma única certeza: precisamos do que dom Benedito veio anunciar – a PAZ.