ARTICULISTAS

A veia jornalística de todos nós

O constante contato com a linguagem dos jornais

Mário Salvador
mariosalvador@terra.com.br
Publicado em 09/04/2013 às 19:58Atualizado em 19/12/2022 às 13:46
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O constante contato com a linguagem dos jornais ao noticiarem crimes tem feito com que nos tornemos exímios em adivinhar certos trechos, uma vez que estratégias de crimes se repetem e, com elas, a redação de textos com esse conteúdo.

Já lemos inúmeras vezes que “se condenado, o criminoso poderá receber pena de até (tantos) anos de prisão”. E quando é preciso que algum laudo seja feito, via de regra, estará pronto “... em trinta dias”, mesmo se referindo a qualquer ocorrência.

Se o autor do delito não foi preso em flagrante, apresentando-se espontaneamente, diz a notícia: “Como não houve flagrante, o acusado responderá em liberdade.”

Viramos peritos em direito criminal, decorando expressões cotidianas de noticiários. “O delegado arbitrou fiança em... E o acusado responderá pelo crime em liberdade.” E nos habituamos a ouvir sobre a prescrição de crimes, quando a Justiça não consegue fazer andar o processo e o réu acaba sendo protegido.

Uma revisão no Código Penal poderá modificar penalidades, prescrições e número de recursos para se protelar a sentença em um processo. Enquanto essa revisão não acontece, “a polícia prende e a lei solta”. Assim, é comum o anúnci “...o criminoso já tem vinte passagens pela polícia.”

Havendo agressão à mulher, às vezes com vítima fatal, vem o desfech “A vítima já havia registrado vários boletins de ocorrência na Delegacia de Mulheres.”

Invariavelmente, “a polícia espera deter o criminoso a qualquer momento”. E, convenhamos, ela teria condição de ser mais eficiente se nossas leis fossem mais severas.

Encerrando noticiários altamente previsíveis, “três dos integrantes da quadrilha são menores”. A turma do “dimenor” desde cedo já “torce o pepino”, como diz o ditado.

Qualquer jornal do dia se parece com o da semana anterior. Fatos se repetem; personagens às vezes variam. Com isso o apreciador de jornal desenvolve sua veia jornalística, mesmo sem perceber. E fatalmente haverá quem desenvolva veia de criminoso, aproveitando sugestões de delitos como cartilhas. Felizmente, o cidadão de bem opta por fazer parte da primeira classe, nos dois sentidos.

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