Permita-me o(a) leitor(a) voltar ao assunto referente à menina que, com nove anos de idade, foi engravidada pelo padrasto numa pacata cidade do Estado de Pernambuco
Não me agrada enfocar assuntos negativos e muito menos bizarros. Permita-me o(a) leitor(a) voltar ao assunto referente à menina que, com nove anos de idade, foi engravidada pelo padrasto numa pacata cidade do Estado de Pernambuco. O tema é polêmico e precisamos dar a nossa colaboração para ampliarmos os entendimentos. Darei a minha. No lamentável episódio temos: 1º - uma menina que há pouco saiu das fraldas; 2º - um sábio arcebispo, e 3º - um afoito Presidente da República. A criança, como sabemos, era e é incapaz de suportar os pesados fardos de uma gravidez, sobretudo quando no seu útero em formação eram geradas duas crianças. S. Ex.ª. Rvma. o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, do alto da sua privilegiada sabedoria, adiantou-se aos postulados da ciência como se ela fosse o entrave da humanidade. Do outro lado o nosso presidente, data máxima vênia, pouca ou nenhuma credencial tem para meter o bedelho no assunto, tendo em vista a sua desastrosa relação com o aborto. Há exatos 20 anos, Lula perdeu a eleição para Collor graças à revelação desse últim “Lula queria o aborto de uma filha”. Na gravidez pernambucana, interrompida pelo aborto forçado, Dom Cardoso Sobrinho, incontinênti, “decretou” a excomunhão dos médicos responsáveis. De tabela foram estigmatizadas a mãe da menor e as autoridades envolvidas. Caso o desfecho fosse ao contrário, tudo seria irrelevante, ou melhor, se não morresse a pequena mãe, aquela criancinha cuidaria de outras duas sem o menor problema. Já não basta os milhões de adolescentes mães sem a mínima perspectiva social? Lula deveria ter dado a chance para outro falar e ficar calado. Na sua derrota para Collor, há quem diga que a igreja estava por trás e o que ele fez agora com tanta veemência, foi apenas revidar. “A Medicina está mais correta que a Igreja”, disse Lula. E haja demagogia para todos neste parágrafo! Meninas estão na mira dos seus padrastos e muitas vezes as mães facilitam. A ciência se capacita para fazer novos abortos, infelizmente. Teremos excomunhões em massa, ou apenas bate-boca de “alto nível”? Nenhuma coisa e nem outra. Todos saberão ser omissos para não incomodar. E salvem-se as meninas grávidas brasileiras! (*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro forumarticulistas@hotmail.com João Eurípedes Sabino escreve às sextas-feiras neste espaço