Dizem que os velhos são sábios porque aprenderam na vida. Besteira, meus amigos. Na marcha atual dos tempos modernos o velho ou fica na poltrona da TV ou vai se dar mal aprendendo com as modernidades. Vocês que me leem sabem que só escrevo ou falo do que ainda vou aprendendo, sempre que possível com sinceridade absoluta. Em parte eu me alivio e aproveito, em parte deixo-lhes alguma lição ou experiência. Lá vou eu, afinando a viola. De começo, a ideia ou a necessidade de alguma viagem. Amigos, estou chegando desta experiência. Decidi que deveria ir ao Paraguai, que de certa forma é a minha segunda pátria.
Neco Ferreira, filho de João – meu leal empregado e amigo por trinta anos, é candidato a intendente-prefeito em Bahia Negra, extremo norte do seu país. Decido ir com meu líder e amigo Juan Carlo Wasmosy, que me leva em seu King-Air. Viagem rápida, saio rápido, sábado cedo do nosso aeroporto – em Uberlândia, pego a TAM em São Paulo. Asunción, volto na segunda-feira à tarde, mesmo trajeto.
A viagem tem a Passaredo aqui dentro e a TAM no exterior. Vou observando e aprendendo. Primeira liçã a companhia aérea menor vai te tratar melhor, meu bom velho. Nela você pelo menos é gente. Na TAM, e nas maiores, você é apenas um passageiro a mais, pior porque manca, é lerdo, agora inexperiente de códigos e alérgico às filas intermináveis – onde você pode perder o rumo e o avião.
Em São Paulo um colega idoso errou, sentou e chorou – faltava-lhe coragem e ajuda, ninguém mais tem tempo. Eu fui aprendendo aos pedaços, com sacrifício. No retorno deveria descer de TAM internacional e correr para o voo Passaredo. Resultad TAM atrasou, Passaredo fechou mais cedo, tive que pagar hotel para voar na manhã seguinte. As meninas TAM embarcaram, não me deram bola. As da Passaredo foram gentis, me transferiram sem custo para o dia seguinte – e eu sobrevivi. Agora, minha gente, uma lembrança e avis cuidado com sua bagagem de mão. Levei uma bolsa pequena, o terno único estava no corpo. Acontece – prestem atenção! Os aeroportos têm aquela vigilância de metais, você tem até que tirar o cinto por causa da fivela, azar se a calça cair no arrodeio. Pior, na bolsinha estava um “canivetim” pica-fumo, recebido de presente e estima. A fiscalização acusou e tomou-me a arma, era proibida, tinham que jogá-la no incinerador. Ofereci de presente, o moço não podia receber, era contra a lei!... Caramba, pensei, e por isto escrevo e lhes avis “canivetim” é coisa grave, não levem em viagem. Ele deve ser exemplo para Brasília, governo e autoridades nacionais. Honestidade e respeito à lei, minha gente! Em nome do finado Lord Canivete, avante Brasil!
(*) médico e pecuarista