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Adoecidos por eles

Fico imaginando o que pensa aquele fulano que esgoela o seu rádio na cozinha durante a feitura do almoço e não...

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 29/01/2013 às 08:49Atualizado em 19/12/2022 às 15:02
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Fico imaginando o que pensa aquele fulano que esgoela o seu rádio na cozinha durante a feitura do almoço e não está nem aí pro seu vizinho. Ou que abre uma cerveja e coloca o som de sua vitrola nas alturas, obrigando a todos a ouvir o seu gosto musical. Até mesmo aquele empresário que a céu aberto, preocupado com o seu ganho, instala um grupo musical – geralmente sertanejo – na porta de seu estabelecimento como chamarisco de clientes. Ou o que passa pelos neurônios daquele cara que equipa um carro com um som potente só para vazar pelas ruas da cidade, de madrugada, incomodando a todos. E com um detalhe, como ele não suporta o seu som, ele abre o porta-malas para que o som ecoe adentrando casas, apartamentos, hospitais... E as músicas são as mesmas, exemplo de que eles são iguais, de traço doentio comum. Têm distúrbios sérios, desvios de compreensão de vida coletiva, deslocam sem se preocuparem com o outro, indiferentes às individualidades, apáticos às dores causadas. São criminosos. É preciso que a sociedade reaja a esse comportamento antes de se tornarem reféns desses elementos preocupados unicamente com o seu lazer. É necessário que a Câmara de Diretores Lojistas (CDL) oriente os seus associados do ramo de som a ter uma conduta ética com a sociedade ao instalarem esse tipo de equipamento, que as Clínicas de Psicotécnico do Detran façam uma campanha de utilidade pública, esclarecendo aos futuros motoristas os malefícios desse comportamento. Que as polícia Civil e Militar detenham esses indivíduos sob a alegação do incômodo coletivo. Ninguém, ninguém mesmo tem o direito de retirar do outro a paz social. Ninguém tem o direito em nome da juventude, do lazer, da oração, da alegria ou seja lá o que for, tem o direito de provocar no outro a irritação por causa de seu som, de sua música. O egoísmo pessoal deve ser punido como se pune aquele que avança um sinal. Portanto, a Prefeitura Municipal tem o dever de combater, punir, erradicar essa praga urbana sob pena de ser conivente com o caos social. Cabe a ela juntamente com a Câmara Municipal punir quem instala e quem desloca com decibéis acima do especificado em lei. Não uma lei demagógica, mas uma lei com aparatos para o cumprimento. Que o Ministério Público de Defesa dos Direitos do Cidadão envolva esses motoristas em explicações e deveres a serem compensados pelo incômodo provocado ao outro. Que os denunciem criminalmente. Enfim, se não houver um envolvimento de todos, inclusive da imprensa – rádio, jornal, TV –, eles estarão aí pelas ruas da cidade com os seus sons altos, geralmente à noite, perturbando a paz de quem eles nem conhecem. Não há culpados nessa história e nem é preciso apontar o dedo para os pais deles ou dizer que a educação é a responsável. Que nada, culpados somos nós que não fazemos nada para combater essa mazela social.

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