Entrevistado num programa televisionado aqui em Uberaba, várias perguntas me foram feitas, algumas pessoalmente, outras pelo telefone. Numa delas, alguém me fez a seguinte pergunta: “Se a Bíblia proíbe a adoração de imagens, por que a Igreja Católica não respeita essa proibição?”. Não me foi possível responder. O condutor do programa avisou-me que meu tempo estava esgotado. Bem, dezenas de pessoas ouviram a pergunta, mas não puderam ouvir minha resposta. Por atenção aos ouvintes, vai pelo jornal o que eu teria dito.
As imagens são como que um retrato daquelas pessoas que me deram exemplo de vida, de amor, de tolerância, de compreensão, de mente aberta, de dedicação aos pobres. Admiro essas pessoas. Adoro seu exemplo de vida. Em primeiro lugar, Maria, a mãe de Jesus. Adoro aquela menina. Aos 15 anos teve uma gravidez cheia de problemas. Mas, para participar do plano de salvação, se comprometeu com um “sim” que nos comove. Pobrezinha, analfabeta, ela que fazia suas próprias roupas e sandálias, ela que era proibida de frequentar as Sinagogas (Casas de Oração) dos donos da verdade, ela que deu à luz seu Filho numa estrebaria, na fedentina de restos de animais, sem uma cama, sem parteira, sem roupas apropriadas. Como não adorar a coragem daquela menina? Como não adorar seu esposo, José, carpinteiro pobretão, que foi obrigado a fugir apressadamente para um país estranho para salvar aquela Criança? Como não adorar a figura de Pedro, iletrado, que negou Jesus e depois chorou amargamente pedindo perdão e se tornou o chefe da nascente Igreja? Como não adorar Paulo, que partiu para levar o nome de Jesus para o coração de Império Romano? Mais recentemente, como não adorar um Francisco de Assis, que deixou a riqueza, que trocou suas vestes de jovem rico, que se vestiu de roupas pobres para viver no meio dos pobres? Como não adorar a figura de Vicente de Paulo, que se fez pobre para os pobres? Como não adorar uma Teresa de Calcutá, que saía, no frio da noite, recolhendo os pobrezinhos e levando-os para um lugar melhor. Adoro o padre holandês Damien. Quando soube que havia uma pequena ilha na Oceania, onde despejavam os leprosos, pediu a seus superiores que o enviassem para lá. Lá viveu toda sua vida tratando dos leprosos desamparados. Mais ainda: contraiu a lepra.
Sabe mais o quê? Adoro meus pais que plantaram a Fé no meu coração. Adoro meus irmãos. Adoro meus amigos e são tantos! Adoro ler bons livros. Adoro ouvir música. Adoro poesias. Adoro ler Guimarães Rosa. Adoro ler as quadrinhas de Tom e Jerry, do Pica-pau, do Haggar. Adoro flores. Adoro manga sabina. Adoro noites de luar. Adoro pescar (já fui 10 vezes ao Pantanal). Adoro minha Igreja, apesar de seus defeitos e pecados.
Adoro ver os jogos da seleção brasileira. Vou mais além, presto culto ao país em que nasci. Presto culto à bandeira nacional, ao hino de minha pátria (apesar daquela letra cafona). Presto culto àqueles que lutaram e lutam pela justiça, por uma melhor distribuição das riquezas.
Como você está vendo, leitor amigo, adoro imagens e gente de mente aberta.
Agradeço ao Pai que fez um mundo tão bonito e pediu que nos amássemos uns aos outros e não nos agredíssemos.
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro
