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Afastamento impiedoso

Recordo-me do ano de 1966, quando, em sala de aula, pisou um jovem professor

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 27/07/2018 às 21:12Atualizado em 17/12/2022 às 11:52
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Recordo-me do ano de 1966, quando, em sala de aula, pisou um jovem professor de História, Francês e de outras disciplinas, cuja postura nos impressionou devido à sua pouca idade e ao estilo discreto para ensinar. Era do tipo que não chamava a atenção da sala, porque sabia polarizar as atenções.

Estávamos no governo militar, instalado há menos de dois anos, e não víamos naquele professor a mínima tendência ideológica que nos influenciasse para a direita ou esquerda. Ele sabia ser ele. Seu nome: Danival Roberto Alves. A escola: Colégio Dr. José Ferreira.

O diretor era o padrão de promotor de justiça Dr. Ângelo Manzan. Não citarei outros ícones daquele tempo por receio de cometer injustiças ao me esquecer de algum. Vou me ater ao professor Danival: se existir uma pessoa cuja vida dedicou integralmente ao ensino em Uberaba e fez sua escola virar referência nacional, essa pessoa é ele mesmo. Atravessou os tempos conduzindo a Casa de Ensino, então com pisos em concreto ciclópico e janelas sem vidros, pertencente à Campanha Nacional de Educandários Gratuitos – CENEG, até chegar aos nossos dias à majestosa Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – CNEC. De uma escola com horizonte limitado a Uberaba, transformou-a em educandário sem fronteiras. Seus alunos passaram a ser aprovados não só em Uberaba, mas também nos vestibulares das mais concorridas universidades do país e daí para outras no exterior. Hoje são profissionais respeitados em suas respectivas profissões.

E a modéstia do professor Danival continuou a mesma, sem deixar que a vaidade ou a soberba lhe subissem à mente. Não só a profissão, mas também a missão de educar sempre falaram mais alto em seu coração. Nesses 52 anos que assisti passar, jamais vi o Colégio Dr. José Ferreira retroagir, e sim avançar, tendo Danival sempre próximo às sábias decisões de ex-diretores, até que passou a capitaneá-lo integralmente com dedicação, desprendimento, amor e transparência. Crescer por dentro para crescer por fora foi a grande máxima em que se pautou o Colégio Dr. José Ferreira, nome que homenageia um dos grandes ícones e benfeitores da Medicina em Uberaba.

É difícil pontuar um item alcançado pela escola de Danival, já que foram tantos; cada um mais importante do que o outro. Que o digam toda a sociedade uberabense, da região e por que não dizer do Brasil. O “Zé Ferreira” atravessou fronteiras, graças a Danival e equipe. Onde está a orquestra da escola, que não vemos ou ouvimos mais? Oxalá ela não tenha se calado para sempre com o afastamento de Danival e de sua esposa, Mariluce Cardoso Alves, da nossa melhor escola. Digo assim porque sou egresso dela e no ano de 1971 fui o gerente fundador de sua gráfica, hoje um dos melhores parques gráficos do país. Ali, Zulmira e eu nos conhecemos e depois educamos nossos filhos.

Diante do impacto geral que emudece a todos, direta ou indiretamente, com a malfadada notícia, posso resumir numa só expressã UBERABA ESTÁ DE LUTO. É como se dentro de cada um de nós tivéssemos a bandeira da escola hasteada a meio mastro. O Colégio Dr. José Ferreira morre um pouco, dentro dos nossos corações. Jamais será o mesmo com a partida de Danival e de outros valiosos que compuseram com tanto amor o grupo desmantelado. Vai ser difícil justificar na história essa derrocada impiedosa. Aqui um voto de louvor ao trabalho social desenvolvido por Danival na Casa do Caminho.

Obrigado por tudo, queridos professor Danival, sua esposa, Mariluce, e demais colaboradores!

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