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Afinal, chegamos ao final!

Afinal, esta é a última semana eleitoral. Tristemente vou perder a inspiração das minhas crônicas

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 29/09/2010 às 19:26Atualizado em 17/12/2022 às 06:48
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Afinal, esta é a última semana eleitoral. Tristemente vou perder a inspiração das minhas crônicas, tão fáceis neste período de propaganda política. Eu, como autor, e o Dino como meu importante auditor e comentarista. Identificando, para os que não o conhecem, o Dino é daqueles puros e honestos trabalhadores rurais, que fazem cigarro de palha com fumo de rolo, cortado no seu velho canivete Roger – ou seja, um legítimo representante da nossa pobre e resignada classe rural, agora escutando e vendo na TV o que prometem e juram nossos partidos e nossos candidatos.

Pela primeira vez na vida – por motivo de enfermidade –, tive tempo para escutar a todos os nossos políticos e partidos, a honestidade e pureza de seus programas e candidatos. Estou edificado e convencido de que nossos novos e eleitos governantes irão cumprir tudo que prometeram. Passei uma borracha no passado e conto com a certeza dos novos e prometidos tempos. Aquele fantasma da criminalidade, dos drogados, dos pobres e sofredores será substituído pela harmonia, todos num só rebanho de liberdade, igualdade e fraternidade (caramba, onde é que eu já ouvi isto?).

Olhem, vejam, está prometida a honestidade globalizada. Políticos e governantes vão trabalhar somente pelo salário ou percentuais desconhecidos – o que naturalmente extinguirá a Polícia Federal, transformada em convento de frades beneditinos. Salários serão aumentados, aliás, o candidato do PC garante que, de imediato, será de R$ 2.500, o que levará o trabalhador a orgasmos de repetição. Nada mal, afinal, ele fará renascer no Brasil o partido comunista que a Rússia abandonou. É claro que todos darão casa para todos, educação em todos os níveis e absolutamente grátis, atendimentos totais à saúde desde a infância até a senectude.

Um mais afoito tentará oficializar o aborto, certamente como preventivo das despesas de saúde e aumento populacional. Os hospitais serão fartos, eficientes e gratuitos. As terras produtivas não vão constituir problema: o governo irá indenizar seus proprietários legais, substituindo-os pelo eficiente MST, que garantirá a produção rural graças aos seus excedentes, inclusive nas exportações do Brasil, celeiro do mundo!

As nossas estradas vão receber título de rodovias e tratamento asfáltico. Favelas vão acabar, sendo substituídas por grupos habitacionais, com suas unidades de saúde, educação, transporte, mercados de trabalho com escolas profissionais. Um tribunal político multipartidário será criado e terá poder de punir os desonestos reconhecidos e que não cumprem com suas promessas pré-eleitorais.

Nosso presidente irá à ONU para receber medalha de país pioneiro em integridade e honestidade de nosso regime e nossos políticos. Ah, ia esquecend ganharemos a Copa 2014.

E... bem, aí o Dino me interrompeu com sua proverbial experiência: puxa, doutor, ’tá bom demais... mas o senhor ouviu falar se vão mexer com a lagoa da Emendada, lá no Patrimônio? Pensei bem e sacramentei: sei não, Dino. Por via das dúvidas, pega nossas varas, anzóis e minhocas. Vamos pescar, enquanto não venha novidade!

(*) médico e pecuarista

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