Ele já era esperado, muita gente até ansiava por ele. Alguns porque o ano velho fora ruim, acontecimentos que desagradaram, coisas boas que não aconteceram. Outros porque são otimistas ou futuristas, estão sempre pensando que no próximo ano todos os seus sonhos e fantasias irão acontecer. No meio tem um time que já está no banco da praça – viveram muito, tiveram tristezas e alegrias, esperanças e desesperanças. Ano Novo é besteira, os anos são todos iguais. Morreu o Osório, não é? Ele vivia dizendo que no próximo ano iria me pagar, me deu o cano, deixa pra lá... E a Alzirinha, que está sempre esperando o Ano Novo pra casar com o namorado, Alceu, ele prometeu já faz 15 anos... desta vez ele não escapa! E por aí vamos todos navegando pelo portal 09 deste Ano Novo.
Penso de forma otimista: se 2008 foi tão ruim, 09 só poderá melhorar. E se foi bom, o alicerce para 2009 já está plantado, será melhor ainda... Afinal, pensar ainda é uma das poucas coisas que não pagam imposto neste Brasil.
Vamos pensar positivo, minha gente, ele não paga INSS, ITR, Imposto de Renda, IPTU, nada que começa com a letra I. Mas em seguida penso, e pensar é sempre perigoso. Por exemplo, um exercício do pensamento nos dias correntes: a palavra crise – aliás, CRISE com maiúsculas, porque os maiorais dizem que esta vai ser a maior de todos os tempos. Sem querer lembro-me do saudoso dr. Mozart. Naqueles tempos sem televisão e jornais a gente recebia por aqui viajantes da cultura, que nos salões vinham palestrar sobre novidades e evolução humana. O caso foi no Jockey, casa cheia, o profeta falava sobre as novas descobertas espaciais, novos planetas e estrelas, a expansão cósmica teria vindo de uma enorme explosão nebulosa, seus fragmentos estavam a caminho de um choque universal, e o mundo assim condenado à morte dentro de dois milhões de anos. Ora, o dr. Mozart estava meio cochilando, o sono cansado do dia duro, acordou junto e assustado neste final trágico. Não aguentou a emoção, e perguntou alt quando é mesmo que isto vai acontecer, doutor? E o ilustre conferencista reafirmou: dois milhões de anos, doutor. E o Mozart suspirou, e comentou aliviad puxa, doutor, que alívio! Eu entendi que seriam dois mil anos! Bem, minha gente, sem comparar, e comparando, aí vem o conferencista 2009. Ameaças de terror existem: leio na folha que Lula comprou do Sarkozy – França – uns submarinos e adereços por 26 bilhões de reais. Isto para ser chamado de grande líder e garantia da paz mundial!
Uma piada brasileira, bem de acordo com a idéia que nossos governos gerenciam quando falam da crise. Pergunto, imitando o doutor Mozart: 26 bilhões, presidente? É pra saúde? Ou é pra educação? Como é mesmo? É pra francês ver? Aí eu me assento na poltrona, este é um filme brasileiro, penso. Já vi parecidos. Este é o modelo 2009...
(*) médico e pecuarista
