Estão terminadas as eleições, seus resultados estão apurados e aprovados. Este período de sai Anderson e entra Piau tem características curiosas e semelhantes em todas as prefeituras deste Brasil, não apenas aqui por Uberaba. Por um lado, os que saem, ganhadores ou perdedores, respiram alívio de liberdade. Os que entram respiram o prazer da vitória, o prazer e abraço dos amigos – antigos e novos. Aliás e de passagem, nunca vi tantos amigos como os que acontecem para o vitorioso. Piau deve estar recebendo abraços toda vez que sai de casa. O pobre aflito suspira: ah, doutor prefeito, agora sei que vou ganhar a minha casa!... O rico empresário abraça mais alt amigo, aquelas concorrências, os novos e grandes negócios e investimentos... vê lá, hein, companheiro! Não tenho dó do eleito, ele entrou sabendo que esta cobrança aconteceria se fosse vitorios todos são seus amigos e eleitores... até a próxima eleição, é claro. Piau é jovem, calmo e experimentado, sabe que vai ser cobrado. Eleitos, eu penso, devem colocar-se no estilo antigo do boi de carr bois de cabeçalho, rentes e firmes ao pé do seu carro. Os novos que fiquem lá pela guia, quebrando cabeças e agitações do pra lá e para cá, talvez fazendo cinema para seu próprio futuro. Como todos os prefeitos, o Piau terá de manejar firme a sua boiada – vai receber propostas estrambóticas, pedidos de pura e impossível demagogia. Não faltarão neste início os críticos de ocasião, que pensaram apenas em esculhambar o que perdeu ou saiu... e naturalmente apresentar suas novidades e pedidos. Cuidado, meu amigo. Boi de cabeçalho recebe ferroada, treme o couro e não muda sua toada. De passagem, dou meu frágil testemunho e opinião. Digam o que quiserem, mas considero Anderson Adauto um dos melhores prefeitos que Uberaba já teve. É grosso e de cara fechada, poucos amigos, muitos e poderosos inimigos... mas deixa uma marca de realizações do maior valor. Coisas de contraste, algumas eu vi. Por exempl na saúde, que conheço bem, construiu e melhorou os pontos assistenciais. Conheço por dentro a UPA do São Benedito e a UPA do Mirante – coisas de dar inveja aos sofridos ambulatórios dos hospitais Universitários e da Federal. Defeito sério, como em todos: os médicos são mal pagos, daí, muito jovens e inexperientes. Sugeriria em cada unidade maior um profissional de alto gabarito, experiência e conhecimento, chefe de equipe nos casos “cabeludos”. Naturalmente – e justificável – ganharia um salário melhor, inclusive pelo controle, discussão de casos e de sua profissão. Trabalhei assim no P.S. do Hospital Getulio Vargas, Rio de Janeiro... há mais de cinquenta anos, e não esqueci até hoje meus chefes – professores. Contei aqui o caso do Orides, seus 103 anos, agora em sua casa comendo carne moída e vendo mulher pelada na TV. Tem coisa melhor, Prefeito?
(*) Médico e pecuarista
