ARTICULISTAS

Água de morro acima

“Dessa água eu não bebo”, dizem vozes soberbas, como se a sede pudesse esperar quando estala na garganta

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 27/08/2010 às 20:32Atualizado em 20/12/2022 às 04:37
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“Dessa água eu não bebo”, dizem vozes soberbas, como se a sede pudesse esperar quando estala na garganta. Por que ainda esquecemos o valor da água se não suportamos a sua ausência por mais do que três dias? Nesses tempos de seca generalizada, há a oportunidade de vermos que a qualquer momento podemos entrar todos, sem exceção, em estado de alerta máximo. Na última quarta-feira, São Paulo teve clima de deserto e viveu o dia mais seco do ano. Quem foi que permitiu baixar tanto a umidade do ar na Pauliceia? Basta olharmos ao nosso redor para entender...

Conta a lenda que um rei, vendo o poder que tinha, subestimava nada menos do que a Criação e, também, o seu reino. Ironizou o sol, a chuva e, de quebra, esnobou o ar que respirava. Seus súditos mais próximos o alertavam: Majestade, a coisa não é bem assim... “Cortem a cabeça desse vassalo imbecil!”, ordenava. Decapitavam o honesto serviçal e outros apenas para deleite do Monarca. Leitor(a), lembra-se do “invencível” Napoleão Bonaparte? Pois bem, o dito rei era tal e qual.

“Não há nada que impeça a construção do canal, ainda que a água tenha que correr morro acima!”, propalava o Magnânimo referindo-se à obra mais do que necessária para o povo. A nobreza e a plebe queriam mostrar ao Mandatário Real o possível e o impossível, mas e o medo de a cabeça rolar? Outros locais para se passar com o anal existiam, mas...

Conselheiros foram convocados para opinar, porém, ao invés de se aprofundarem no contexto que envolvia o canal, preferiram atestar a viabilidade da perigosa obra. Iniciou-se, então, a construção acelerada do canal que demandaria dois anos.

Mesmo estando a obra muito bem contida por estacas e cabos fixados na face do morro, o que era impossível para o rei sumariamente aconteceu: a própria Lei que ele ousou contrariar, a da gravidade, levou ao precipício todo o seu intento e, o pior, vidas e mais vidas foram ceifadas graciosamente. Ninguém pôde beber da água que seria transposta pelo tão propagado canal. O obstinado rei se perguntou depois: “Se eu tivesse observado os ditames das Leis Naturais, o desfecho da minha obra teria sido outro”? E seguiu refletindo por toda a sua existência...

Moral da lenda: Antes de fazermos a água subir morro acima, as Forças Potenciais da Criação se manifestam mostrando o seu devido percurso... Não tenho dúvidas quanto a isso.

(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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