ARTICULISTAS

Águas do abandono

Estou lendo com prazer a 2ª edição

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 31/05/2013 às 12:11Atualizado em 19/12/2022 às 12:44
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Estou lendo com prazer a 2ª edição do livro A BATALHA DE DELTA, elaborado com senso de artesão pelo colega acadêmico Paulo Fernando Silveira. Afirmo que quem lê a primeira página se contagia, segue em frente e quer chegar à última. De redação clara e marcada por dados obtidos em fontes confiáveis, a obra promove o leitor a testemunha ocular dos fatos. Nela a Revolução de 1930 é passada a limpo, com reflexos à Constitucionalista de 1932.

Tanto é assim que não me contive e fui rever o local onde aconteceu o teatro de operações da Polícia Militar de Minas Gerais. A estação ferroviária Delta (extinta) e a margem direita do Rio Grande foram ocupadas pelas tropas do nosso então 4º Batalhão de Infantaria. O ponto bélico de referência era a majestosa ponte que ainda liga o Estado mineiro a São Paulo. A estação (hoje cidade), o rio e a ponte serviram de escudos para deter os revoltosos paulistas que se rebelaram contra o golpista Getúlio Vargas e depois queriam invadir Uberaba. Nossa cidade seria “transformada na capital do Triângulo” e dele tirariam a parte mais rica e produtiva. Os invasores paulistas erraram em suas projeções, perderam a guerra e Getúlio, com o apoio mineiro, ascendeu ao poder... E as narrativas seguem...

Visitei aquele valioso acervo, mas é sobre a ponte de Delta que aqui vou me ater. Ela, que é para nós um rico patrimônio histórico construído há quase cem anos pela engenharia inglesa, se apresenta literalmente abandonada.

Sem regulamentação de tráfego, ausência de sinalização ideal nos dois Estados, guarda-corpos metálicos avariados, nenhuma iluminação, partes remanescentes de linhas telefônicas retiradas etc., são alguns itens depreciativos da ponte que caracterizam a sua carência de manutenção. Vistorias circunstanciadas pelos órgãos culturais competentes revelarão coisas que ficaremos surpresos. Nas faces dos robustos perfis de aço da ponte estão vários furos feitos por balaços da guerra. São marcas que, apesar de lembrar um conflito entre irmãos, precisam ser preservadas.

De certa forma tenho minha origem ligada àquele local porque morei na Usina Junqueira nos meus anos inicias de vida. Em Delta eu era levado por meus ancestrais, daí a afinidade que tenho com o citado acervo.

Antes que aquele monumento viário seja levado pelas águas do abandono, necessário se faz um inventário oficial para depois restaurá-lo juntamente com os prédios e outros pontos históricos ali existentes. Quantas cidades querem resgatar suas origens, mas o progresso avarento não permite! Delta é privilegiada nesse sentido.

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