Soubemos recentemente através da imprensa que estava em vias de ser efetivada a troca de nome do nosso Estádio Municipal de futebol. De Autarquia Municipal Estádio Engenheiro João Guido passaria ser chamado de Djalma Santos. Nada mais inoportuno e explico as razões.
João Guido nasceu em Uberaba e tem como tronco ascendente o casal de beneméritos Dª Adelina Ferreira Guido e Santos Guido. Aqui, com Dª Beatriz Moura Teles Guido, gerou sua prole que honra o berço de origem. Djalma Santos não nasceu aqui, mas um dia fez a opção de conviver conosco e, por amar demais nossa terra, confessou-me o seu último desej - “Quero dormir o meu sono eterno em Uberaba”. E aqui Djalma repousa para sempre.
Sinto-me à vontade para falar um pouco do colega João Guido e Djalma Santos. O primeiro é meu conterrâneo e me permite afirmar que sou amigo da sua família. Do segundo me fiz tão amigo a ponto de me sentir inspirado para lhe dedicar a crônica “Filho ilustre”, três anos antes da sua morte. Os dois, cada um a seu modo, souberam amar muito Uberaba.
O que precisa ser estancada é a nossa ânsia de homenagear pessoas como se o gesto fosse uma competição na qual sai vencedor quem sugere primeiro. Pelo que conheci de Djalma Santos, se ele pudesse manifestar sobre esse imbróglio que iriam metê-lo, por certo que diria: - “Por favor, incluam fora dessa”.
Precisamos também ser mais consequentes. A grande imprensa do segmento esportivo poderia noticiar com ironia que o ídolo Djalma Santos, outrora bem acolhido em Uberaba, passou a ser um intruso depois da sua morte. Por obra de alguns, destronou um ex-prefeito da cidade e lhe tomou o nome do estádio municipal. As redes sociais não iriam deixar barato.
João Guido, com certeza, admirava Djalma Santos pelos seus feitos na Seleção Brasileira. Imaginando um encontro dos dois, discretos que eram, vejo-os rindo por dentro diante do constrangimento que iríamos causá-los: sai João Guido e entra Djalma. Aliás, foi na substituição de De Sordi que Djalma se glorificou como campeão do mundo, mas quanto a João Guido, vejo o nosso maior lateral-direito se recusando a ocupar uma vaga que não existe. Nesse caso; cada um é cada um. Ou não?
Ainda vamos aprender a homenagear pessoas.
(*) PRESIDENTE DO FÓRUM PERMANENTE DOS ARTICULISTAS DE UBERABA E REGIÃO, MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS DO TRIÂNGULO MINEIRO