Sobre o termo “xenoglossia”, bom que se esclareça a respeito do grego glosso, que, inicialmente, foi empregado pela medicina, com várias palavras nossas conhecidas, mas depois também usado como glotto, glotta, glossa, para, finalmente, ser utilizada como “idioma”, “língua”. Com relação ao xeno, também do grego, significando “estrangeiro”, daí as palavras xenofilia, xenofobia, utilizadas, como sabemos, em bom vernáculo, referindo-se ao “horror aos estrangeiros” e alimentando “antipatia contra todos eles”.
Mas, sem mais detença, vejamos, em síntese, o que nos informa Ernesto Bozzano, o pesquisador espírita respeitado em todo o mundo civilizado.
Deixando de lado a classificação das diversas manifestações da xenoglossia, desde os casos de “automatismo falante”, audiente, através da voz direta e a psicografia, passemos logo ao Caso I, citado pelo Prof. Richet, como sendo um dos casos mais importantes:
“O caso mais impressionante é o de Laura Edmonds, filha do juiz Edmonds, personagem de elevada inteligência e lealdade perfeita, que foi presidente do Senado e membro da Suprema Corte de Justiça de Nova York. Laura, sua filha, era católica fervorosa, muito praticante e piedosa. Falava exclusivamente o inglês e aprendera na escola um pouco de francês. A isto se limitavam seus conhecimentos de línguas estrangeiras. / Ora, acontece que um dia (em 1859), o juiz Edmonds recebeu a visita de um Grego notável, o Sr. Evangelides, que pode conversar em grego moderno com sua filha Laura. No curso dessa conversação a que assistiam diversas pessoas (cujos nomes são citados no texto), o Sr. Evangelides chorou, por lhe ter a médium participado a morte do filho (ocorrida por aquele meio tempo na Grécia). Ao que parece, Laura encarnava a personalidade de um amigo íntimo de Evangelides, um tal Botzari, morto na Grécia e irmão do conhecido patriota. Segundo o juiz Edmonds, se sua filha Laura conversou em grego moderno com Evangelides e se lhe participou a morte do filho, isso só se poderia explicar admitindo-se que o defunto Botzari fosse realmente o outro interlocutor, na conversação. / E Edmonds acrescenta: ‘Negar isto, de que fui testemunha, impossível; o fato é de tal modo claro e eloquente que, negá-lo, equivaleria, logicamente, a negar que o Sol nos ilumina.’”
E esclarece que não poderia tratar-se de um caso de ilusão, já que este se passou na presença de oito ou dez pessoas cultas e inteligentes, conclui.
(*) clínico geral e psiquiatra
eliasbarbosa34(@gmail.com