Muitas vezes fico pensando que junto com a obrigatoriedade do calendário de vacinas que o Ministério da Saúde orienta os pais a cumprirem para preservar a saúde dos filhos, deveria haver uma norma oficial do MEC para que eles adquirissem um caderno onde escrevessem a vida dos seus filhos até eles se alfabetizarem e, daí para frente, eles próprios se encarregariam de ir escrevendo os fatos do cotidiano para preservarem sua história pessoal.
De uns tempos para cá – seria indício de reminiscências pré-senis? – tenho me arrependido muito por não ter escrito desde cedo minhas histórias de vida. Descobri que ninguém sabe “onde vai dar uma vida”... E quando ela toma um rumo e um volume que nem mesmo nós prevíamos, dá vontade de refazer o caminho percorrido sem cortes ou omissões e se tudo tivesse escrito isso seria possível.
Tenho vivido dias de intensas emoções com a proximidade do lançamento de meu primeiro livro e em meio a esse período, li no Jornal da Manhã que um amigo muito especial – Eugênio Barbosa Martins – foi eleito o Superior Geral da Congregação do Santíssimo Sacramento, passando a residir em Roma durante os seis próximos anos.
Saber desse fato desencadeou um mundo de recordações. Conheci Eugênio no final de nossa adolescência quando construímos um laço afetivo muito forte e presente nos momentos marcantes de nossas vidas e famílias. Juntos festejamos, viajamos, batizamos afilhados, apadrinhamos casamentos, alegramo-nos com nascimentos e enterramos familiares.
Recordei-me também de quando ele fez a opção pela vida sacerdotal para surpresa de muitos, deixando para trás a namoradinha, o curso superior em andamento e o promissor emprego da época no Banco Real.
Eugênio é uma daquelas pessoas que, independentemente da carreira que escolhesse, seria garantia de sucesso por sua competência e valores pessoais e um daqueles amigos que, mesmo tendo se passado dois, três ou mais anos sem nos encontrarmos, quando isso acontece, conseguimos retomar o fio da meada como se o último encontro tivesse sido ontem.
Sinto muita gratidão a Deus por poder experimentar em minha vida amizades especiais como essa e que, se bem me conheço, me fará atravessar o oceano para beber na fonte da sabedoria de Eugênio e registrar mais uma página de nossa história que, mesmo não estando (ainda) escrita num livro material, está inscrita em nossos corações e memória pelos bons momentos vividos juntos.
(*) Terapeuta das Perdas e do Luto; mestre em Psicologia Clínica e palestrante veuberaba@hotmail.com
