ARTICULISTAS

Andar pelas ruas

Andar a pé, além de nos servir com uma melhora na circulação sanguínea

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 29/05/2012 às 19:45Atualizado em 19/12/2022 às 19:26
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Andar a pé, além de nos servir com uma melhora na circulação sanguínea, brinda-nos de encontros que podem nos render boas conversas. O contrário não está descartado. A situação do trânsito em nossa cidade – em especial o centro – é um incentivo a andar a pé. O transporte público é sempre caos, não só aqui. O Ministério Público deveria arguir o poder público ou as concessionárias pelos maus tratos aos usuários do serviço. Parece-me que o transporte público não está entre os direitos do cidadão. Leciono às manhãs de sexta-feira, no cursinho do Colégio Rubem Alves, parceiro do Objetivo. Após as aulas, retorno a pé, pela rua Artur Machado, subo a avenida Governador Valadares – veja aquela estátua horrorosa – e sigo rumo ao bairro Estado Unidos, nome estranho para um bairro. Andando pela Artur Machado, pode-se observar a feiura que é aquela rua. A poluição sonora e visual é agressiva, com aquelas marquises avançando sobre o passeio de letreiros sem artes, anúncios das mais variadas formas. Mas quando se olham as lojas, algumas são novas, de bom gosto com pessoas de sorrisos largos. Essa rua é um mesclado de atraso com modernidade, de casarões em ruína com arquitetura histórica, modernidade de mau gosto com elegância sóbria. Ela não deveria viver apenas de sua história, mas escrever uma nova história. Talvez o calçadão devesse ser estendido por ela. Quem passa de carro não suporta o trânsito daquela rua e é privado de observar as suas lojas. Quem está a pé é atrapalhado por outro transeunte. Seus passeios estreitos os empurram para a rua movimentada. Assim ele fica espremido. Quando o fórum for transferido daquelas redondezas, muito do movimento dessa rua irá com ele. Ao chegar esse dia, talvez, retomem a ideia do calçadão. Caso seja o desejo da maioria – e não de todos –, podem introduzir com ele a âncora da modernidade aliada à estética, ao lazer, ancorada nos bons serviços comerciais. Essa rua tem caminhos idênticos à rua Tristão de Castro, demonstram que modernidade não se faz apenas com cal e tinta fresca, porque o atraso também se faz assim. Do outro lado da cidade, temos a rua Prudente de Moraes. Inobstante o seu vigor comercial, ela está, também, aquém do que se pode dizer de ideal. O poder público passa ao largo dessas ruas, talvez a associação dos lojistas não tenha voz que possibilite o diálogo ou o diálogo está rouco, promovendo poucas adesões por falta de compreensão. Ruas comerciais devem distanciar cada vez mais dos apelos dos megafones e buscar o cliente pelo atendimento preferencial, cortês, com produtos de qualidade, mesmo quando se propõem a ser um atacadão popular, com vitrines charmosas. Ao agradecer o atendimento recebido, ouviu da balconista: “obrigada eu”. Não sei se responder assim seja correto, mas, se for, é tão horroroso quando nos perguntam: “posso ajudar”? Quem entrar num estabelecimento comercial e precisar de ajuda se equivocou. O bom atendimento não é ajuda e nem favor, é dever.

(*) Professor

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