Com o ditado popular “ninguém ama o que não conhece”, entendemos por que a Igreja celebra um Terceiro Ano Vocacional no Brasil. A intenção é mostrar, principalmente para a juventude, que a vocação brota do coração, mas ninguém nasce sabendo os rumos de seu trajeto. Há necessidade de conhecimento do caminho a percorrer para que chegue a ser realmente consolidada na vida.
O Primeiro Ano Vocacional foi em 1983, com o tema “Vem e segue-me”. O Segundo foi em 2003, com o tema “Batismo, fonte de todas as vocações”, que procurou avançar na reflexão vocacional. A ideia é formar “uma fisionomia vocacional”. Assim é o Terceiro, com o tema “Vocação, graça e missão”. Há uma fundamentação bíblica, com o lema “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33).
Deve ser um ano de muitas reflexões, iniciado em novembro deste ano, na Festa de Cristo Rei, terminando em novembro de 2023, também na Festa de Cristo Rei. Com isto, a Igreja quer despertar nos cristãos e nas famílias uma sensibilidade missionária dentro de uma dimensão chamada de “cultura vocacional”. É como criar uma vacina que consegue superar o vírus do individualismo.
A vocação está relacionada com a ação libertadora de Deus na história da humanidade. Basta entender que Jesus foi o grande vocacionado dentro do processo da salvação. Significa que Deus vem para mudar a sorte de quem vive numa realidade de sofrimento e deprimido em sua dignidade. Desta forma, a vocação na Igreja é um compromisso missionário libertador para as pessoas.
A realidade vocacional da Igreja é preocupante. Aumenta o número da população e diminui o contingente religioso e presbiteral. Não é totalmente falta de vocações religiosas, mesmo numa cultura secularizada dos últimos tempos. Talvez estejam faltando motivações e uma divulgação mais contagiosa e capaz de atingir o coração das pessoas. Foi o que fez Jesus com os discípulos de Emaús (cf. Lc 24).
Não existe Igreja sem missão. Ela não é só instituição, mas tem uma visibilidade através da ação pastoral e de preocupação com a dignidade e a vida do ser humano. Não consegue fazer isso sem a presença de agentes chamados, dispostos, indicados e preparados. É uma realidade que precisa encontrar espaço no coração das pessoas para que sejam comprometidas com a identidade de sua fé.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba