As viagens de Jesus Cristo pelo mundo da humanidade viram sempre uma apresentação terrível de como é fácil e comum a torpeza e maldade de nós todos, chamados humanos. Aquela passagem da pecadora sexual que devia morrer em praça pública, apedrejada por aqueles que a condenavam “de acordo com a lei e costumes” para exemplar os pecadores - coisa que periodicamente releio. Ainda existem países e civilizações que concordam que o pecado tem que ser execrado e punido para exemplar os demais seres humanos. Reler o apedrejamento no tempo e presença de Jesus Cristo devia ser coisa obrigatória para nós todos – talvez mais ainda por aqueles que se julgam puros na sociedade. Todas as vezes que releio imagino a simplicidade absoluta do meu Mestre. Há uma mulher não detalhada, que imagino jovem e bonita. Ela foi descoberta em prática sexual com quem “não era seu marido” que sai da sequência histórica. O que interessa aos judeus daquele mundo era o pecado, não os personagens, e já vou me arrepiando. Segue a história: um julgamento humano e sumário impõe que ela deve morrer apedrejada em praça pública. Já vou pensando e sofrendo por observações dos novos tempos: será este o único crime considerado passível e merecedor desta brutalidade histórica... na Bíblia? Ou onde mais? Segue a leitura, Jesus Cristo chega ao cenári a mulher quase desnuda e apavorada, chora no chão da pequena praça. Que enorme quantidade de sofrimento já teria passado? Segue o drama, alguns (sádicos? criminosos? corruptos e falsos...?) estão com pedras nas mãos. Jesus Cristo não fala, não faz pregação. Pega um estilete e começa a escrever no chão daquela praça, em torno da pecadora... uma lista dos pecados. Ladrões? Assassinos? Corruptos sexuais ocultos? Opressores da escravidão e sofrimento do próximo?... e a cada escrito alguém treme sua mão, deixa cair sua pedra, algum chora lembranças miseráveis, a praça fica deserta, só Cristo e a pecadora, confusa, não entendendo o milagre daquele tal Jesus Cristo. Ela chora, o que dizer ao seu salvador? Jesus Cristo é simples: filha, algum deles te condenou? Pegue sua roupa, volte à vida, e não peques mais... Caramba, até hoje e agora, meus olhos ficam úmidos. Nada mais a escrever.