Estimado leitor, no dia 19, quinta-feira, vamos comemorar o Dia do Historiador
Estimado leitor, no dia 19, quinta-feira, vamos comemorar o Dia do Historiador. Por isso, apresento-lhe uma das obras mais lidas por aqueles que desejam se tornar historiadores de ofíci Apologia da História, de Marc Bloch, um marco para os que perseguem os rastros do passado.
O francês Marc Leopold Benjamim Bloch nasceu no ano de 1886 e morreu em 1944, fuzilado pelos nazistas, durante a II Guerra Mundial, tendo participado ativamente da Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918. Juntamente com Lucien Febvre, fundou a Revista dos Annales, que iniciou os estudos acerca da História das Mentalidades, problematizando os acontecimentos e dando nova compreensão aos fatos históricos. Além do livro em questão, escreveu outras obras célebres, como Os Reis Taumaturgos e A sociedade Feudal.
Apologia da História ou O Ofício do Historiador, seu último livro, foi escrito em cativeiro e tornou-se uma leitura obrigatória aos historiadores. A obra é disposta em cinco capítulos, sendo o último inacabado.
Bloch, objetiva com esse trabalho, desconstruir certo tipo de historiografia calcada, segundo sua classificação, no abuso das prerrogativas do Positivismo. Importante observar que Marc Bloch, mesmo tentando se distanciar das historiografias mais tradicionais, não abre mão da História enquanto ciência.
A interdisciplinaridade e o diálogo com as Ciências Sociais constituem as principais inovações trazidas pelo autor, apontando, dessa forma, para um ofício do historiador no qual a renovação das fontes e a reinterpretação do passado ganha novas problematizações.
Já no primeiro capítulo, somos apresentados a uma inovação historiográfica: o homem enquanto sujeito da sua história. Não temos mais uma História atrelada apenas aos fatos, às datas, aos relatos. Bloch defende, assim, que o verdadeiro objeto da História é o homem (e não mais o passado morto e inerte), mais precisamente o homem no tempo. Os estudos dos fatos e dos eventos históricos só fazem sentido se vistos como algo dinâmico e em constante reavaliação.
No capítulo seguinte, o autor afirma que o historiador, na leitura da história, não deve prender-se apenas aos documentos escritos, mas deve dar especial atenção aos testemunhos não escritos. Marc Bloch indica que o passado, ao contrário do que muitos pensam, está sempre em progresso.
No capítulo III, Bloch desenvolve uma “tentativa de uma lógica do método crítico”, para que a História pudesse compor o rol das ciências, deixando claro que a História é, realmente, uma ciência e que faz parte do ofício do historiador trabalhar nesse sentido.
No IV capítulo, o autor faz uma comparação entre o juiz e o historiador, perguntando se a história deveria julgar ou compreender. Defende que o trabalho do historiador é compreender, e não julgar.
O capítulo V não tem título e não foi finalizado. Nele, foram discutidas as causas dos fatos históricos. Defende o autor que os profissionais da história nunca devem partir de concepções predeterminadas, fazendo uma evidente crítica ao positivismo, a qual só levaria a uma visão circular do passado.
Essa importante obra de Marc Bloch tem servido de livro de cabeceira para toda uma nova geração de historiadores que nela se inspira quando se põe a trabalhar em defesa da história. Com essa pequena resenha, abraço e parabenizo todos os historiadores pelo seu dia. Bom domingo a todos.
(*) doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, da Facthus e da UFTM mailtmozart.lacerda@uol.com.br