Por algumas vezes disse que até os meus oito anos, vivi em fazenda. Escutava muitas estórias. Naquela idade inocente, acreditava em tudo. Muitas delas até me punham medo. Comumente agachado como ficam os meninos da roça, também eu assim ficava perto dos mais velhos ouvindo aquelas conversas sobre “Saci Pererê”, “Mula sem cabeça” e tantas outras. Na fazenda onde morávamos, além daquelas estórias, falavam também de uma porteira que sempre à noite quando por ela se passasse, ouvia-se um gemido humano. Minha irmã e eu no período da tarde, estudávamos em uma escola numa fazenda perto de onde morávamos. De nossa casa até lá, um atalho encurtava bem a distância que a percorríamos a pé. Mesmo por esse atalho, haveríamos de passar por aquela porteira que gemia. As aulas terminavam às dezessete horas. Na volta, eu sempre andava mais rápido que a minha irmã. Como ela chorava em razão disso, sempre a esperava. Ela porque não escutava aquela estória da porteira, não sabia da minha pressa. Se soubesse, não sei como seria. Dois meninos doutra fazenda vizinha, também estudavam lá. Até onde moravam, voltavam pelo mesmo atalho. Além da porteira que era uma preocupação, aqueles dois meninos que sempre nos batiam, era outra. Quando percebiámos que iriam nos bater, escondíamos até que eles se fossem. Certa feita, ficamos escondidos deles por muito tempo. As horas foram-se passando e a noite se aproximava. Como aquela demora não era normal, o nosso pai foi ao nosso encontro. Uma tranquilidade quando o avistei. Passamos pela porteira bem depois das dezoito horas e nada de gemido escutamos. Perguntei ao meu pai, por que aquela porteira gemia como falavam? Meu pai me explicou que aquilo era mentira e, que o gemido que falavam, vinha de um passarinho noturno nada bonito como coruja, chamado “URUTAU.” Ficou esclarecido. Certamente também há esclarecimentos para outras estórias. Em certa ocasião, juntamente com um amigo de Jardinópolis (S.P), hoje residindo em Ribeirão Preto (S.P), que possuía alguns caminhões para fretes, seguíamos para São Paulo com um deles repleto de caixas com mangas encomendadas. Em um trecho da estrada entre as cidades de Cravinhos (S.P) e Porto Ferreira (S.P), repentinamente uma fortíssima luz em meio da estrada escura, ao longe se apontou e veio se aproximando de nós. Uma claridade completamente diferente da nossa. Clareava sem ofuscar a visão. Não há luminosidade por aqui que se lhe possa comparar. Como não impedia a visibilidade, o amigo não precisou parar o caminhão como comumente se faz. Chegou clareando tudo estranhamente. Sem parar, passou vagarosa por sobre o caminhão e se foi. Trêmulos e estarrecidos, saímos do veículo e nada mais vimos. Ficamos sem nada entender daquele acontecido. A estrada de terra, sem poeira, estava claro que nenhum carro havia passado por nós. De onde teria vindo então, aquela estranha luz? Quem dirigia aquele objeto que a imitia? Hoje, ainda nos parece uma interrogação—mas no amanhã de nossa evolução maior, certamente haveremos de saber de qual das muitas galáxias, ou de qual dos muitos mundos, teria vindo àquela estranha e imensa luz!... Ouvimos que não só a Terra abriga seres viventes. Dizem-nos também em linhas escritas, a existência doutros planos, onde “Há céus inumeráveis e inumeráveis mundos, onde a vida palpita numa eterna mocidade.”
“Há céus inumeráveis e inumeráveis mundos...”
Dissertações Mediúnicas, capítulo- XXVI.
(psicografia) - Francisco Cândido Xavier. Manoel Therezo
(*) Odontólogo; ex-professor universitário