Ao se estacionar nas imediações do Mercado Municipal de Uberaba, percebe-se o quão absurda é a situação que ficou a cobrança por utilização daquela Área Azul. A sua criação visava a combater os constrangimentos criados pelos flanelinhas e ser mais um ponto de financiamento do programa Probem.
Os primeiros evadiram do local – outros apareceram – e o programa social sofreu um revés ao ser declarado pela Justiça como atividade ilegal para menores. Menores podem e devem trabalhar, desde que seja como aprendiz; ficar na rua olhando carros não é atividade de aprendizagem. Ponto. No entanto, o Probem continua existindo e faz um trabalho social importante, encaminhando jovens para o mercado de trabalho, sem esquecer a sua formação clássica. Enquanto os marmanjos usam as camisetas do Probrem, cobram-nos por estacionar na Área Azul, que antes, depois dos jovens, eram os idosos. Creio que seja razoável, então, entregar o controle dessas áreas para as instituições filantrópicas, a exemplo do Lar da Caridade – Hospital do Pênfigo –, que muito dá a Uberaba e pouco recebe de nós, cidadãos, e da sociedade organizada. Quem conhece os resultados do trabalho desta instituição se apaixona. Não há quem cuide de forma tão doadora aos outros como eles, que, não diferentemente das demais, padece de fontes perenes de financiamento de seus programas, de adesão social, de apoio cultural às suas atividades.
O retorno que às vezes a cidade dá está aquém do merecido. Parece-me que os títulos de Cidadania, os de Honra ao Mérito e outros são uma tentativa de suprir essa lacuna entre o merecimento e o reconhecimento, mas a prática tem sido mais do exibicionismo desnecessário. A Área Azul poderia atender as entidades prestadoras de serviço social em nossa cidade. Depois de eu ter passado pelo mercado municipal, cheguei à minha casa, descarreguei as verduras e frutas e continuei a resmungar aquela situação vivida na Área Azul.
Mercado é sempre um local marcado pela história e por problemas sociais. Talvez seja o preço que se paga por se querer essas coisas não sofisticada, mas que se tornam tradição. Após descarregar as compras, a energia elétrica da minha rua nos deixou na escuridão, coisa inacreditável em pleno século XXI. A Rua Padre Leandro é vítima da má administração regional da Cemig. Essa rua é o atraso tecnológico, é o paradoxo de mineiro. No entanto, ao ocorrer essa catástrofe, nem precisa tentar falar na Central de Atendimento da Cemig, porque ouviremos o cinismo pelo número 116, que, ao nos atender e digitarmos o código do consumidor, afirma não reconhecer o número digitado. Um absurdo.
O risível é o cidadão no escuro procurando a conta de luz para digitar os números, os códigos, as senhas... Que mundo! O que uma coisa tem a ver com a outra? Nada, mas são iguais.
(*) Professor