Há vários anos, um grupo de engenheiros, misto de europeus e brasileiros, foi da Europa a São Paulo, em viagem profissional. Seriam vários dias de atividades, em lugares diferentes. Aassim, logo na chegada, alugaram um carro.
Por familiaridade e comodidade, um brasileiro assumiu a direção e a responsabilidade de transportar os companheiros. E assim começaram os trabalhos. Logo na primeira esquina, um pequeno conflito.
Havia uma clara sinalização obrigando-os a virar à direita, que foi devidamente respeitada, mas um dos europeus, diligentemente, apontou um pretenso erro, dizendo, algo alarmado, que “é proibido virar para este lado!”.
Discussão no carro, logo ficou claro o motivo da confusão. Na Europa, placas de trânsito com aquele padrão de cores, fundo branco, moldura vermelha, indicam proibição. Infelizmente, do outro lado do Atlântico, indicam obrigação. Parecia até de propósito para causar o caos.
Mesmo os locais garantindo que estava tudo bem, o estrangeiro não se conformava. Achava impossível que o mesmo código de cores significasse o contrário dum lado e doutro do Atlântico.
Sendo um homem razoável, dispôs-se a observar e pôde constatar que os colegas tinham razão. O mundo era mesmo ao contrário por ali.
Cognitivamente ele compreendeu, mas no seu íntimo não podia aceitar tal aberração. Como assentir com tal coisa? Suas vísceras se remoíam cada vez que viravam na direção obrigada em cada placa. E eram muitas.
Por fim, encontrou a solução. O jeito foi passar a ler os sinais de trânsito de uma forma que fizesse sentido para ele, porém que não o colocasse em perigo, assim, sua forma de interpretá-los era esta:
- PROIBIDO seguir na direção CONTRÁRIA à indicada na seta.
Parece complicado, mas essa ideia deu-lhe paz e encerrou as discussões até o fim daquele compromisso profissional.
Mais recentemente dariam um nome bonito a essa pequena arte, diriam que ele ressignificou os sinais de trânsito. Às vezes, em algumas situações da vida, é só o que dá para fazer.
