As manhãs de domingo eram diferentes nos anos 90. Pelo Brasil todo, as pessoas acordavam com preocupações como: será que vai chover hoje em Mônaco? Sim, porque a chuva poderia mudar tudo numa corrida supercompetitiva como a Fórmula 1 e nós tínhamos um campeão na luta, o inesquecível Ayrton Senna.
Os carros estavam em outro patamar; eram foguetes voando pelas pistas, e seus condutores não ficavam atrás. Ousados, concentrados, não aceitavam nada menos que o céu dos pilotos, o primeiro lugar no pódio e, para isso, valia quase tudo.
Tenha-se vivido, ou não, essa época, muito se recomenda “F1: O Filme”, em cartaz pelos cinemas do mundo. Brad Pitt vive o piloto de Fórmula 1 Sonny Hayes, há muito aposentado, mas trazido de volta à primeira divisão para salvar uma equipe em dificuldades. O carismático Damson Idris representa Joshua Pearce, a nova geração ao volante, mais tecnológica, cheia de recursos científicos e convencidíssima.
O embate é inevitável e um dos conflitos que fazem o filme interessante. Cada profissional tem como meta, e vontade, ganhar todas as corridas. Mas esse é um esporte de equipe e, se a estratégia indica que um deles, não o outro, deve ser o primeiro daquela vez, está armado o barulho.
No fictício mundo de “F1”, Hayes parou de correr depois de um acidente muito grave, ainda nos seus dias de glória, quando competia contra Senna, Mansell, Prost. Uma “recriação” do evento mostra, num relance, a silhueta daqueles carros que a geração dos anos 90 conheceu tão bem. É de arrepiar.
E Sonny não tem medo de causar o caos desde a sua primeira competição. Conhecendo o regulamento até a minúcia, movendo-se em um mar de principiantes (comparados com ele), vai provocando condições e reagindo às circunstâncias, levando-as ao limite.
F1 é filme para comer pipoca e desfrutar das imagens fantásticas. Assistir à evolução de Hayes e Pearce, desde suas posições completamente antagônicas até, afinal, descobrirem que têm, como seria de se esperar, muito mais em comum do que parecia ao princípio, é uma jornada bem passada. E lembrar do nosso eterno campeão é um bem-vindo bônus.