A qualidade do conteúdo gerado por inteligência artificial tem sido irregular. Muita publicidade com ar um tanto quanto falso, mas, por outro lado, também há vídeos engraçados, que não pretendem enganar, apenas, divertir. São algo como pensamentos intrusivos, que tomam forma e ganham o mundo.
Num deles, no princípio do século XX, um aspirante a pintor austríaco, obscuro e irrelevante, fica muito confuso com a quantidade de viajantes do tempo que vêm do futuro para tentar matá-lo. Praticamente toda semana aparece um, decidido a liquidá-lo, para absoluta perplexidade do artista medíocre.
A graça é que o próprio não tem noção de que começará uma guerra mundial e será o líder de uma miríade de atos de crueldade incompreensível. Naquele momento, era apenas mais um cidadão frustrado com os rumos do país e, pela descrição da época, um, entre milhões.
Será que, não tivesse ele existido, as tais atrocidades não teriam acontecido? Seria lícito, sabendo o curso da história, acabar com a vida dele? É uma pergunta filosófica frequente. A premissa é que, eliminando aquela pessoa, os terríveis acontecimentos não chegariam a se concretizar. Mas seria o caso?
O que mais há por aí, em todas as eras e lugares, são ditadores de plantão, apenas esperando uma oportunidade para agraciar o planeta com suas ideias iluminadas. É só prestar atenção e é possível identificar esses vomitadores de regras, que estão querendo regular vidas alheias.
Na maioria dos casos, para o bem da humanidade, não conseguem fazer muito, além de atormentar pessoas próximas e, muito comum, “resolver” todos os problemas do mundo em monólogos infindáveis para os amigos.
O que permite que algum desses venha a causar estragos não é o seu talento, mas, sim, a omissão ou ação equivocada dos que poderiam pará-lo. Seja por ignorância, conveniência, medo ou pusilanimidade, são os bons que permitem que os maus tomem conta de tudo.
Fica a sugestão para os viajantes do tempo. Em vez de mirarem no perturbado futuro tirano, é melhor que aproveitem a oportunidade para avisarem os cidadãos decentes da época. Cuidem das suas instituições porque, quando certas linhas são cruzadas, o custo é alto.
