ARTICULISTAS

Aquele fator

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
AnaMariaLSVilanova@gmail.com
Publicado em 20/06/2024 às 19:21
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Foi um professor de Estatística que contou os resultados de um estudo feito por ocasião do seu mestrado. O tópico é sempre relevante e motivo de muita discussão e decisões equivocadas no ambiente profissional: satisfação no trabalho.

Muito fatores influenciam o estado de um trabalhador frente a uma organização em particular. Alguns estão fora do controle da própria empresa; outros podem ser geridos internamente e, com sorte, vários estarão a cargo do chefe direto do funcionário em questão.

Possibilidade de progresso na carreira, flexibilidade, ambiente, equipe, academia no horário do almoço; há de tudo. E, é claro, o inevitável e delicado assunto do salário.

Uma vez atendidas as necessidades básicas (abrigo, comida, despesas básicas), quem está mais feliz com o que ganha? Essa era uma das perguntas propostas pelo estudo.

A hipótese inicial era de que, quanto maior o salário, maior a satisfação. Jura? A quem ocorreria esse brilhante pensamento? Mas algo entrou pelo meio, alterando a coisa toda. Nem sempre quem ganha mais está mais feliz.

Depois de muitas perguntas feitas, variáveis analisadas e neurônios acionados, a surpresa. Uma pessoa que ganha oitocentos pode estar mais satisfeita do que uma outra que ganha mil, dependendo do salário das pessoas do seu entorno pessoal.

Dissecando: um homem ganha oitocentos, mas esse é o maior salário na sua família e comunidade direta. Ele ganha mais do que os irmãos, os vizinhos, parentes... Já o que leva mil para casa, todo mês, vive em outra vizinhança e todos ganham mais que ele.

É algo inevitável compararmo-nos com as pessoas ao nosso redor. Alegrarmo-nos com o sucesso alheio, mas quando o nosso pote não está tão cheio, já é outra coisa. Há que transcender, mas onde está a fortaleza de espírito?

E o bichinho da inveja ali, corroendo um pedacinho a cada dia, cavando um buraco escuro e sem fundo, com paciência infinita e irritante diligência. O professor chamou a isso “o fator cunhado” e aconselhava empregadores em geral a ter esse item em consideração. Se calhar, bom conselho para todo mundo.

 Ana Maria Leal Salvador Vilanova

Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica

AnaMariaLSVilanova@gmail.com

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