ARTICULISTAS

Charlie

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 17/09/2025 às 18:32
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O roteiro era sempre o mesmo. Sentar-se debaixo de uma tenda, com um microfone e uma placa dizendo “prove me wrong” (prove que eu estou errado). Em seguida, um convite aos discordantes para serem os primeiros da fila. E começava a conversa.

Assim eram as visitas de Charlie Kirk a universidades americanas, há muitos anos. Fundador da organização “Turning Point” (Ponto de Virada), Kirk era famoso por suas capacidades como debatedor. Ele próprio era autodidata, tendo desistido da universidade quando viu que aprendia pouco de útil e ouvia muita doutrinação.

Havia quem trouxesse esse argumento logo à partida: “Você nem completou a universidade”. A resposta: “Então deve ser fácil ganhar de mim na discussão; vamos conversar”. A gravação de imagens era totalmente liberada, e muitos o faziam. Qualquer trecho de vídeo poderia ser divulgado para provar que Charlie Kirk estava errado, mas isso, comumente, não acontecia. Apenas com perguntas e exposição de fatos, ele desmontava pacientemente absurdos, extremismos e alucinações em geral.

Para alguns, era demais. Seja por mau-caratismo ou por ignorância, Charlie foi um dos muitos premiados com o gasto rótulo de “extremista”, usado sempre que falta argumento. Bastaria ouvir, de fato, o que ele realmente disse em cada ocasião para constatar o óbvio. É apenas bom senso. Liberdades individuais, livre mercado, direito à vida, entre outros temas. Para cada tópico, vinha com números e uma linha de raciocínio irrepreensível.

Isso obrigava o oponente a argumentar melhor ou rever seus conceitos. Porém, qualquer dessas opções implica conhecimento, boa-fé e uma certa dose de humildade, algo que anda em falta por aí. Incapazes de lidar com a humilhação, o que restou aos contrários a Charlie foi a violência, e ele foi abatido.

O resultado foi uma proliferação de Charlies. Os grupos da “Turning Point”, nas escolas e universidades, passaram de poucas centenas para, potencialmente, milhares, dado o interesse despertado.

Despertaram, também, os demônios, regozijando-se com o fim da vida terrena do jovem ativista. Como bons alucinados, têm a impressão de que ganharam a discussão. Deus tenha piedade.

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